domingo, 2 de dezembro de 2012

RÁDIO SOSTER NET A RÁDIO QUE TOCA A VIDA SOCIO AMBIENTAL


RÁDIO SOSTER NET
 
A RÁDIO QUE TOCA A VIDA SÓCIO AMBIENTAL

ALÔ AMIGOS-AS E PARENTES E SONHADORES!!!! 

PARA OUVIR MINHAS MÚSICAS EM QUALQUER LUGAR E HORA DO DIA, SINTONIZE A RÁDIO SOSTER NET- A RÁDIO QUE PROMOVE A VIDA SOCIOAMBIENTAL... 

ANTES DE COMEÇAR QUALQUER ATIVIDADE, OU DURANTE QUALQUER HORA DE SEU DIA OU NIGHT ESSAS MÚSICAS E LETRAS VÃO ALIMENTAR O SEU ESPÍRITO E, ESPÍRITO BEM ALIMENTADO, SIGNIFICA SENTIMENTOS SACIADOS E CORPO SAUDÁVEL: É FELICIDADE CERTA.... 

APROVEITEM E DIVULGUEM!!! COLOQUEM NA SUA BARRA DE FAVORITOS E NÃO PERCAM ESSA OPORTUNIDADE DE SER FELIZ!!!!

ESTOU CARREGANDO MINHAS MÚSICAS, EM SEGUIDA VIRÃO OUTRAS E AS LETRAS E, COM CALMA, OS VÍDEOS. 

SAIBA QUEM EU SOU
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terça-feira, 27 de novembro de 2012

EDUCAÇÃO ESCRAVIZADORA www.juliogotardo.com.br

EDUCAÇAÕ E LIBERDADE 

julioghotardo@hotmail.com
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Com 40 anos de experiência e atuaçaõ educativa, continuo percebendo, pos estas e outras, que vai demorar pra aparecer a geraçaõ que terá o aprendizado e o saber como meta prioritária dos  seus estudos.

 O NOSSO METODO DE ENSINO TEM UM FORMATO DOMINADOR, BITOLADOR E ESCRAVAGISTA. PORQUE SERVE A UM SITEMA ONDE PARA TUDO QUE VOCE PRECISA ALCANÇAR TEM QUE PISAR E ESCRAVISAR ALGUÉM OU MUITOS.
O CHICOTE PARA DOMINAR O OUTRO TEM UM NOME SUGESTIVO: SALÁRIO OU DINHEIRO: "QUEM PAGA MANDA-DOMINA" A MINHA LIBERDADE DEIXA DE EXISTIR, POIS DEVO SUBMETER TODA MINHA CAPACIDADE AOS DESEJOS E IDÉIAS DE QUEM MANDA-PAGA ......,,,,,,,
TENTE SE COLOCAR NA VIDA DE UMA CRIANÇA QUE A PARTIR DOS 3 OU 4 ANOS, ATÉ O TÉRMINO DA UNIVERSIDADE, TEM QUE FICAR "IMOBILIZADA E SUBSERVIENTE" ENTRE 4 PAREDES-SALA DE AULA DOMINADA, A MAIOR PARTE DO DIA; QUANDO ELA NECESSITA DO LÚDICO PARA DESENVOLVER E AMADURECER SUA RESPONSABILIDADE NA LIBERDADE... E ASSIM POR DIANTE.
ESTAMOS TREINANDO ROBOZINHOS EFICIENTES E SUBSERVIENTES QUE SAIBAM RESPEITAR E NÃO DAR OPINIÕES DIFERENTES PARA QUEM LHE PAGA O SALÁRIO...
QUEM PAGA MANDA E SE VCE QUER RECEBER NÃO PODE SEQUER EMITIR OPINIÃO DIFERENTE SOB PENA DE FICAR FORA DO CONVÍVIO ECONÔMICO QUE É O MOTOR DA SOCIEDADE...
E " FORA DO MERCADO NÃO HA SALVAÇÃO", PREGAM OS SACERDOTES DO SISTEMA...

EIXO CENTRAL DA FÉ CRISTÃ - www.juliogotardo.com.br



EIXO CENTRAL DA FÉ CRISTÃ.
- FÉ E VIDA -

Pe. Júlio Gotardo Soster
juliogotardo@hotmail.com
www.juliogotardo.com.br

A nossa fé sem obras é morta, diz São Tiago (Tg. 2,17), mas as nossas obras precisam ser fundamentadas e iluminadas pela nossa fé, para não se tornarem um corpo sem alma.


DEUS: PAI (Mãe).

A grande novidade que Jesus Cristo nos revelou é que Deus é Pai.[1]
Conforme o livro do Gênesis, Deus é o Pai criador do qual emana a vida do mundo. Ele fez o céu e a terra e todos os seres que nela habitam. Criou o homem (e a mulher) a sua imagem e semelhança, para que pudessem administrar os bens e viver neste mundo conforme a sua vontade, num paraíso de felicidade e dignidade.
Os seres humanos quiseram ser mais do que Deus e provocaram um caos, mas o Pai, no seu infinito amor, escolhe, entre tantos, a Abraão e o convida para sair de sua terra e ir a outro lugar e começar um novo povo com um novo jeito de viver.
Através de Abraão, Isaac e Jacó, Deus começa a mudar a maneira de pensar do seu povo que vai crescendo na terra de Canaã. A necessidade fez o Povo de Deus ir para o Egito, onde se tornou escravo de um império que acreditava em outros valores e deuses.
No livro do Êxodo vemos que o Pai escolhe Moisés e o prepara para animar e coordenar a libertação de seus filhos. Moisés enfrenta o imperador e, em nome de Deus, liberta seu povo da escravidão. Começa uma catequese que irá durar quarenta anos pelo deserto para formar os filhos de Deus, varrer os vícios do império e descobrir os mandamentos que expressam a vontade do Pai para os seus filhos caminharem unidos e formarem de novo o povo de Deus. O Pai (Javé) caminhava com seus filhos liderados por Moisés.
No decorrer de todo o Antigo Testamento o Pai formou seu povo e caminhou com eles em todos os momentos. O Pai deu-lhes sacerdotes, ungiu reis para governar seus filhos, enviou profetas para orientá-los, animá-los e corrigir as falhas que aconteciam na caminhada. Enfim o amor do Pai perpassa todo o Antigo Testamento com gestos concretos de apoio, incentivo e carinho que nenhum outro povo jamais experimentou.
Por fim Deus amou tanto o mundo que enviou seu próprio filho para que o mundo seja salvo por Ele (Jo3,16), nos mostra o Novo Testamento.

Reflexão

Como a paternidade de Deus é o fundamento maior da nossa fraternidade, não podemos chamar a Deus de Pai se tratamos nossos irmãos como inimigos ou estranhos, se não nos preocupamos com a desigualdade de condições de vida que existe entre seus filhos.
Da paternidade de Deus nós deduzimos a necessidade da busca de justiça, na qual devemos privilegiar os mais fracos e desvalidos para que seja diminuído o abismo existente entre estes e aqueles que detêm de forma cumulativa e egoísta os bens deste mundo.
Deus é pai, é mãe, é tudo... Este amor e carinho, que Ele tem pelos seus filhos, possuem características femininas também. Deus Pai(Mãe) cuida de cada um de seus filhos com um amor muito especial e acompanha seus passos com a ternura de sua Providência. Seu grande desejo é que seus filhos e suas filhas vivam em harmonia e fraternidade, inspirados neste amor que emana da sua bondade. As pessoas, especialmente as crianças, que vivem neste mundo sem pai nem mãe, precisam de corações que, inspirados no amor de Deus Pai(Mãe), as acolham e as façam perceber que são frutos do amor e carinho deste Deus que as quer felizes e livres para amar, sem preconceitos nem discriminações.
A Providência Divina é a face materna de Deus que se preocupa para que não falte nada a seus filhos. Nós precisamos ter confiança total e nos abandonar nos braços desta boa mãe que certamente não permitirá que nos falte nada. Confiar na providência não é cruzar os braços para que Deus faça a nossa parte, mas é fazer tudo aquilo que nossas forças nos permitem, em busca do bem, com a convicção de que tudo depende de Deus. A fé na Providência é um salto com confiança, mesmo sem prever onde vamos chegar. Devemos estar atentos aos sinais dos tempos e às diversas circunstâncias do momento presente para perceber qual é a vontade de Deus que vai se revelando na dinâmica da vida. Quem confia na Providência é capaz de superar as leis e tudo o que deturpa a dinâmica do amor criativo de Deus. A confiança na Providência Divina é fundamental para buscarmos a promoção da vida de nossos irmãos e irmãs que não se encaixam em nenhuma lei humana e, na liberdade, precisam ser incluídos na nossa sociedade para que, junto com eles, nós continuemos sempre avante, buscando o Reino de Deus e a sua justiça.
O maior dom do Pai para seus filhos é o dom da vida(Espírito) que é a sua presença criadora e santificadora neles. O mundo todo é continuação da vida Divina, mas o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus. A vida humana deve ser, portanto, promovida e desenvolvida com o mais alto grau de dignidade e respeito porque é a presença de Deus em cada filho seu, de uma forma criativa e vivificadora, que nos eleva à condição de filhos muito amados do Pai, que quer a vida plena e eterna para todos. Quando vemos a vida sendo diminuída, violentada, oprimida, escravizada percebemos que estamos distantes do verdadeiro valor que ela tem. A vida é um dom de Deus para todos os filhos e filhas seus e, portanto, devemos promovê-la e defendê-la desde o seu início e em todos os seres igualmente. Escravizando, diminuindo, torturando, oprimindo ou destruindo a vida estaremos diminuindo a presença de Deus em nosso meio e colaborando para que o mundo se torne um caos a deriva da morte(lúcifer). A nossa felicidade aumenta sempre que nasce e cresce a vida em nosso meio; ela é dinâmica e vai se perpetuando com a nossa colaboração, neste mundo. É dever ético de todos os filhos e filhas de Deus promover e fazer crescer a vida em todos os seus aspectos, para sermos criadores e promotores, juntos com nosso Pai celeste, da vida que dá motivação, fundamento e sentido à nossa existência.
Deus é Pai de todos nós e, portanto, todos somos irmãos e irmãs. A fraternidade humana tem seu fundamento na paternidade divina, por isso é inconcebível que uma pessoa de sã razão possa considerar-se cristã e não se importar nem fazer nada diante do sofrimento de um ser humano, por mais distante que ele esteja da sua realidade. Somos membros da grande família humana e, quando algum de seus filhos sofre, todos temos o dever cristão de redobrar as atenções a essa pessoa para que ela se sinta irmã, amada e filha, com igualdade de direitos e deveres neste lar divino que é o nosso mundo. A fraternidade deve coexistir com a liberdade para ser dinâmica e completar a obra do amor do Pai. Não pode haver fraternidade regida por medo, submissão ou limites impostos pelas normas criadas para privilegiar seus idealizadores. A caridade supera todas as leis. Os nossos irmãos e irmãs que mais sofrem devem ter lugar de destaque na nossa doação e interesse social para serem promovidos à dignidade de filhos de Deus e irmãos de todos. Somos todos irmãos e irmãs, o sonho do Pai, expresso pelo seu Filho amado, é que todos sejam um... (Jo17,21). Que todos tenham vida...(Jo6,40). Que nos amemos uns aos outros...(Jo13,34). Que participemos unidos na construção de um mundo justo e solidário, sem oprimidos e nem opressores.
O Mundo é obra da criação de Deus para uso de todos os filhos e filhas seus em igualdade de direitos. A propriedade dos bens deste mundo não pode se restringir a um grupo de privilegiados que usam e abusam dos mesmos deixando seus irmãos e irmãs na situação opressora e humilhante da sobrevivência, no limite da morte. A propriedade pode ser individual, mas pertence a todos no que diz respeito ao seu uso. Todos, sem exceção, têm o direito de ter uma propriedade suficiente para exercer sua liberdade de filhos e filhas do Criador. O mundo todo é o lar que Deus dispôs para que seus filhos e filhas possam viver na fraternidade, com igualdade de condições e liberdade, por isso todos têm o direito de exercer sua cidadania fundamentada na filiação divina. Defendendo o direito de partilha e redistribuição, do acesso à propriedade dos bens deste mundo, estaremos promovendo a pessoa humana à sua dignidade de filha do mesmo Deus e irmã de todos seus semelhantes e abrindo as portas para que aconteça a justiça social, conforme o Evangelho de Jesus Cristo. Isso é caridade.
O ser humano, porque filho do Criador, tem a vocação de continuar a obra criadora do Pai através de seu trabalho desenvolvido em condições de liberdade conforme os dons de cada um. Jesus Cristo trabalhou na carpintaria de Nazaré para ter o sustento de sua vida e sua família. O trabalho deve levar o ser humano a ter o necessário para a sua sobrevivência e sentir-se honrado de poder contribuir com a obra criadora e dinâmica de Deus. Buscar o direito dos trabalhadores para que possam se sentir filhos dignos do Pai Criador é obrigação ética de todo cristão que conhece e quer viver a caridade na prática. Um salário digno para quem exerce qualquer tipo de trabalho também é questão de dignificar e valorizar quem está colaborando com a obra do Pai e merece sustento para exercer sua liberdade de filho ou filha, com responsabilidade.
Deus é Pai e quer que todos os povos possam conviver neste mundo globalizado. Que se respeitem as minorias étnicas, que as culturas minoritárias sejam promovidas e consideradas pelas culturas fortes ou dominantes. Todos os povos têm direito à vida e a independência para viver a liberdade na diversidade de filhos gerados pelo amor criativo de Deus.
Deus não quer imperialismos ou nacionalismos que dominam povos irmãos pela força das armas de destruição violenta. Os seres humanos têm o dever cristão, como filhos de Deus, de acabar com a exploração dos indivíduos ou das classes; que seja eliminada a miséria, que haja trabalho e propriedade para todos sem exceção; que acabe a exploração política de grupos privilegiados e que o sistema econômico seja organizado a serviço do ser humano e não o contrário. A nossa atuação, política e social, se dará, nestes termos, se tivermos a capacidade cristã de colocar o amor sobre o ódio, a desconfiança, o utilitarismo; um amor fundamentado na comunhão de nossa origem, na nossa característica racional comum a todos; especialmente um amor fundamentado na paternidade de Deus e na redenção de Cristo seu filho amado e nosso irmão.
A paternidade divina deve ser a luz que dá significado e ilumina um regime democrático. Todos os filhos e filhas de Deus têm direitos iguais e devem participar unidos na construção de um mundo mais justo e solidário. Não é justo que se formem grupos para defender interesses de uma classe ou pessoa, em detrimento dos demais filhos e filhas de Deus. Precisamos defender os direitos individuais de todos os cidadãos que fazem parte da nossa sociedade, respeitando os dons e as individualidades de todos, porque todos têm o direito de conviver e exercer seus direitos políticos e sociais, bem como, todos tem o dever de participar para organizar a sociedade de forma a ser uma família orientada pelos valores do perdão, da convivência, do diálogo, da tolerância, da justiça, da compreensão, da solidariedade, da partilha e da comunhão, para realizar o sonho de Deus Pai que quer que todos seus filhos e filhas sejam um.
Como filhos do mesmo Pai nós temos a missão de anunciar o Evangelho da caridade para todo o mundo. Não podemos nos restringir ou limitar a lugares ou grupos específicos, pois o mundo todo é de Deus. Devemos assumir, como nossa missão, todos os lugares que Ele nos propõe para anunciar e praticar o bem, atentos aos sinais dos tempos e as circunstâncias que são dinâmicas com o passar dos anos. Como o mundo todo é de Deus também as pessoas são todas filhas de Deus por isso nós não podemos fazer acepção de pessoas. Nós devemos atender ricos e pobres, sábios e analfabetos, doentes e sãos, maus e bons, porque todos são filhos do mesmo Pai e nossos irmãos merecedores de nossa atenção. Devemos priorizar de maneira particular aquelas pessoas que estão excluídas na nossa sociedade, por falta de condições, e precisam de um apoio especial para conquistar a dignidade de filhos e filhas em iguais condições. Também, os lugares mais difíceis de trabalhar, devem ter uma prioridade especial para promover o ser humano mais esquecido que está, certamente, entre os filhos mais diletos e queridos de Deus Pai(Mãe). A justiça de Deus é para todos, mas ela privilegia aqueles que estão distantes do necessário para uma vida digna, para que cheguem, o mais próximo possível, de um nível de convivência fraterna. A nossa caridade também deve estar aberta a todos, mas deve privilegiar aqueles que estão mais distantes de uma vida digna de filhos e filhas de Deus.
Como membros desta grande família humana nós não podemos nos sentir alheios a tantos pecados que acontecem contra a caridade. Não se trata de fazer nossa parte e nos sentir livres da responsabilidade dos erros cometidos por nossos irmãos e irmãs. Nós temos a obrigação cristã de nos sentir, pelo menos por omissão, responsáveis diretos por tantos pecados cometidos e precisamos assumir uma missão redentora para, junto com Jesus Cristo, tirar o pecado do mundo. Nossa cruz talvez seja a exclusão, a incompreensão, a calúnia, a crítica desmedida, a perseguição, a tortura, falta de apoio, etc... Nós não podemos, por isso, abandonar a profecia com atitudes e palavras; podemos sim colocar tudo nas mãos do Pai e confiar na sua Providência para que este furacão conduza nosso barco, guiado por Jesus Cristo, até o porto da vida e da eternidade, produzindo energia eólica que ilumine pra sempre a nossa sociedade.
A promoção humana é fazer com que todos os seres humanos tenham uma vida digna como filhos e filhas do mesmo Pai que quer a inclusão social, a vida e a vida em abundância para todos seus filhos e filhas, sem exceção. Somos todos filhos e filhas de Deus e, portanto, merecedores da vida que Deus Pai nos deu para ser vivida em plenitude. A fé em Deus Pai é o fundamento maior da promoção humana.

JESUS CRISTO: IRMÃO E EXEMPLO.

Quem nos revelou Deus foi o seu Filho único. (Jo1,18).
Jesus Cristo é a revelação de Deus. Deus preparou um povo para receber o seu Filho amado. Ele foi anunciado por Moisés e os profetas. Jesus se fez humano e habitou entre nós, conviveu conosco e nos mostrou que Ele é o caminho, a verdade e a vida.
Jesus se fez humano para nos divinizar e sua atenção privilegiada esteve sempre voltada para os excluídos de seu tempo: as mulheres, as crianças, leprosos, pecadores, cegos, surdos, mudos, epiléticos, paralíticos, doentes, os pobres, pastores, pescadores, lavradores, prostitutas, enfim, todas as pessoas, que a sociedade deixava a margem de uma vida digna e humana, eram objetos de seu amor e carinho, com predileção. Estes nos precederão no paraíso e o Reino de Deus pertence a estes, pois são os doentes e não os sãos que precisam de médico.
A sua encarnação é a prova primeira de seu amor para conosco. Ele sendo de condição divina se fez humano para tornar-se igual a nós e mostrar-nos que o ser humano tem um valor infinito. Ele provou a nossa fragilidade humana e desde a infância foi obrigado a ser protegido da prepotência dominadora que tentou eliminá-lo, como se fosse um concorrente perigoso.
Jesus cresceu e se desenvolveu em sabedoria e graça diante de Deus e das pessoas, de uma maneira tão simples e imperceptível, que muitos não o reconheceram como luz do mundo e colocaram em dúvida a sua capacidade profética e sua condição de filho de Deus capaz de realizar maravilhas junto com as pessoas que tem fé.
Sua vida toda foi um serviço de doação às pessoas, sem descuidar de uma espiritualidade encarnada na realidade. Ele foi tentado a abandonar o projeto de Deus e resolver os problemas do mundo de uma maneira mágica e ilusória, dominando todos os povos, como sonhavam os imperadores e reis de então, e servindo ao autor da prepotência e ilusão. Apoiou-se na Palavra de Deus, para argumentar sua ação, e mostrar-nos quem é o verdadeiro Deus que deve ser adorado e cultuado.
Sua pregação foi um alento para os pobres e oprimidos e, ao mesmo tempo, foi uma chamada de atenção aos ricos e poderosos que oprimiam o seu povo com suas leis injustas e até utilizavam o nome de Deus como instrumento para manter o domínio e a opressão dos pobres trabalhadores. Convidou todos à conversão e falou que o Reino de Deus está no meio de nós e devemos perdoar sempre, servir a todos e amar-nos uns aos outros, deletando todas as mágoas e discórdias da nossa vida.
Suas ações foram um serviço à promoção integral do ser humano. Valorizava a fé do ser humano e, por meio dela, realizava sinais e prodígios que libertavam as pessoas de suas dores e angústias. “A tua fé te salvou”, tornou-se praticamente a frase conclusiva de suas atenções a quem o procurava para se libertar de algum mal. Isto demonstra que sua ação não era uma magia feita para assustar e dominar as pessoas com um falso poder, mantendo-as submissas e humilhadas na dependência de alguém, mas era uma ação que visava fazer a pessoa descobrir em si a capacidade e a força divina de superar os obstáculos e vencer os males. Não se submeteu a nenhuma lei que prejudicasse a vida dos seres humanos e trabalhou sempre a serviço da libertação das pessoas, dando prioridade aos mais oprimidos.
As forças dominadoras e opressoras da época se incomodaram e resolveram eliminá-lo, com um processo injusto, pensando que assim eliminariam essa forma libertadora e salvadora de agir e pensar. Deus o ressuscitou dos mortos e o mantém vivo para a eternidade. Ele quis ficar presente no meio de nós em seu corpo místico e em seu corpo eucarístico, para alimentar a nossa vida e a nossa ação a favor da promoção do ser humano, buscando o Reino de Deus e a sua justiça.
A sua Igreja, orientada pelos apóstolos, continuou no mundo os mesmos sinais de Cristo, buscando anunciar a boa nova para todos os povos e proclamar, pela vida-testemunho, pela palavra e na partilha do pão, que Jesus é o libertador do ser humano e o promotor da vida verdadeira na sociedade. O mundo precisa da vida divina para tornar-se a casa de Deus onde a justiça e a fraternidade fazem com que todos os seus filhos e filhas, irmãos de Cristo, se sintam seres capazes de viver na harmonia e no serviço, amando-se uns aos outros como Cristo nos amou. Jesus entregou-se por nós durante toda a sua vida terrena e continua a se doar e iluminar, através do Espírito Santo, todas as pessoas que abrem espaços para Deus doando-se aos irmãos e irmãs que mais necessitam da vida divina.

Reflexão

Devemos estimular-nos uns aos outros a sermos Evangelhos vivos e antes praticar para depois pregar, vivendo como os primeiros cristãos: “Ou acreditamos no evangelho ou então o rasgamos e não merecemos ser chamados de cristãos,” dizia um santo que estimulava a necessidade do Concílio Vaticano II.
Jesus Cristo não precisa de qualidades ou vantagens pessoais, ele precisa de disponibilidade e vontade de viver na busca da verdade e da justiça. Ele se faz presente ali onde não existe nada, como presença na ausência, para nos mostrar que é ele quem age e valoriza as pessoas e que todos possuem essa capacidade divina de construir o bem e salvar-se, unidos a Ele. Onde não há nada, humanamente, a se esperar se manifesta melhor a bondade de Deus que sempre está junto com seus filhos e filhas. Natanael duvidou que viesse algo bom de Nazaré, pois foi lá que cresceu o filho de Deus, numa família simples que dependia do trabalho de um carpinteiro. Os santos, em sua maioria, eram pessoas com muitas limitações e foram considerados exemplares porque, em meio a tantas ausências se manifestou, com maior propriedade a graça de Deus.
A sua ação respeita e valoriza a liberdade do ser humano. Não podemos promover a justiça e a fraternidade sem respeitar a liberdade humana. A liberdade é o dom de Deus que faz o nosso amor e a nossa doação serem dinâmicos e construtivos e, ao mesmo tempo, confiantes na Providência que promove o ser humano à dignidade de filho e filha de Deus, irmão e irmã em Cristo. A liberdade deixa aberto o futuro de cada pessoa para que ela escolha e seja responsável pelos seus atos, sentindo-se assim, participante da sua promoção e libertação integral. A liberdade faz com que a pessoa se sinta respeitada em seus direitos de ser ela própria, no caminho da busca da verdade e do bem, tornando-se assim artífice da própria existência e promoção. Promover condições, para que a pessoa possa exercer sua liberdade, é elevar a pessoa ao estado de ser humano com a capacidade de amar sem limites.
A coerência entre a nossa fé e nossa vida, vivendo como Jesus viveu, deve levar-nos a comungar com todos, o sonho de um mundo melhor na transparência e na dedicação, para colocarmos em prática o “credo” que nós professamos. Quando dizemos que acreditamos em Jesus Cristo, não podemos ficar só no discurso ou assumir parcialmente a sua vida. Ele veio ao mundo para dar-nos a vida plena e, é essa vida plena que nós devemos buscar para nós e para nosso próximo, vivendo e buscando a libertação total do ser humano como Jesus viveu e buscou. Entre os discursos mais marcantes de Jesus nós encontramos aqueles em que ele chama a atenção para a coerência de quem acredita em Deus e não pratica a sua fé. A nossa fé em Jesus Cristo deve levar-nos a atuar em favor da promoção de todos nossos irmãos que estão a margem da sociedade para que tenham o mesmo direito de viver na liberdade de filhos e nunca como escravos.
A nossa caridade deve ser igual à caridade de Cristo. Ela não pode ser humilhante nem constrangedora, mas deve levar as pessoas a se sentirem dignas da sua condição de filhos e filhas de Deus, capazes de amar e se libertar, pela graça de Deus que possuem dentro de si. Jesus se aproximava dos pequenos e humildes de uma forma acolhedora e carinhosa que os fazia sentirem-se felizes e fortes, capazes de resolverem os seus problemas, superar as dores e construírem o Reino de Deus que estava no meio deles. Não é caridade aquilo que devemos fazer por justiça. A caridade de Cristo é paciente, prestativa, não é invejosa, não é orgulhosa, não procura o seu próprio interesse, não guarda rancor, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (1Cor13,4-7). Nossa caridade deve levar-nos a optar pelos menos favorecidos e, com eles, caminharmos unidos para a construção de uma sociedade mais humana que ande em busca do Reino definitivo, onde todos tenham vez e voz.
No Evangelho vemos o amor de Cristo como um amor gratuito e livre de qualquer apego a interesses individualistas. É muito difícil entender que uma pessoa esteja trabalhando pela promoção humana e, ao mesmo tempo, dedicando-se a seus interesses individualistas de progresso econômico e satisfação pessoal. Mesmo que isso ocorra, neste mundo norteado pela ganância e individualismo, o testemunho fica vazio de conteúdo evangélico. A gratuidade como viveu e anunciou Jesus Cristo é tempero imprescindível da promoção humana que supõe a doação de quem busca a dignidade dos irmãos e irmãs de Cristo. A gratuidade, nos dias atuais, parece uma loucura, como a cruz pareceu uma loucura para a sociedade grega no tempo de Jesus, mas é um testemunho indispensável contra este sistema egoísta, cumulativo e individualista, que privilegia uma minoria opressora, em detrimento de tantas pessoas que vivem uma vida desumana. Gratuidade e promoção humana são atitudes que testemunham o Evangelho de Jesus Cristo e se completam. Fé, amor a Deus sem caridade é mentirosa.
A Fé e a promoção humana encontra na opção preferencial pelos pobres, que Jesus assumiu, uma de suas motivações mais evidentes. Os pobres de Javé foram alvo das atenções especiais dos profetas e todos os personagens do Antigo Testamento que seguiram os ensinamentos de Deus. Com Jesus Cristo, o filho de Deus, não poderia ser diferente. Ele assumiu a condição humana e viveu numa família simples, numa cidade humilde, em Nazaré. Ele foi recebido neste mundo por pessoas pobres e humildes que pastoreavam os rebanhos. Ele proclamou a Bem-Aventurança dos pobres e disse que o Reino dos Céus é deles. Conviveu com pescadores e pessoas humildes que buscavam o pão e a vida na caminhada do dia a dia. Jesus teve compaixão das pessoas famintas, contou que seremos julgados, não pelas orações, mas pela comida, roupa, acolhida, compaixão que repartirmos. Denunciou os ricos e usurpadores, morreu na cruz entre malfeitores. Ter fé e atuar na promoção humana é fazer uma opção preferencial pelos pobres, como Jesus fez.
O amor de Jesus se revela às pessoas amadas, se faz semelhante e convive com as pessoas amadas, salva a qualquer custo as pessoas amadas, quer estar continuamente com as pessoas amadas, doa-se a cada um daqueles que ama e quer fazer feliz a todas as pessoas amadas. O amor cristão é capaz de amar, preferentemente, os analfabetos, convive com os fracos tratando-os com ternura, ama infelizes de toda a espécie, estende a mão para todo o sofrimento, ama os que nos fazem sofrer, se dedica a todos. Esse é o amor que nos impulsiona a buscar a promoção de todos nossos irmãos, com fé esperança e caridade; com uma prática que nos leve a amar do jeito que Jesus amou e nos ensinou. O amor cristão é o melhor jeito prático de viver o Evangelho na nossa sociedade e testemunhar a vida plena que todos almejamos para a nossa sociedade envolvida em tantas divisões sócio-econômicas, que são inconcebíveis em países declarados cristãos. Com a prática e vivência do amor cristão, neste sentido, podemos crer e afirmar que Jesus salva e liberta, sem alienar, nem oprimir o nosso povo.
Jesus denunciou aquele tipo de miséria humana que dá mais valor às regras do que o ser humano, que vive na ostentação, no carreirismo e vaidade em detrimento de tantas pessoas exploradas em seus direitos fundamentais, que prioriza a aparência em detrimento da decência. Ele nos mostra que amando, convivendo e doando-nos aos pobres nós nos tornamos aqueles pobres de espírito que merecem o Reino dos Céus. A pobreza assumida como dom e serviço nos torna livres para amar e servir nossos semelhantes, pois nos desapega dos bens materiais e nos ajuda a crer e sonhar com o Reino de paz, sem oprimidos nem opressores. Jesus é o protótipo do pobre de Javé que o profeta Jeremias anunciou, pois toda sua vida foi desapego, serviço e doação, com prioridade, aos menos favorecidos da sociedade. Ele pôde sempre anunciar o bem e denunciar o mal com uma liberdade e autoridade que impressionavam os ouvintes. A pobreza de espírito nos liberta e nos dá autoridade de promover a justiça entre os seres humanos sem parcialidades. Com este espírito de pobre o mundo todo se torna nosso campo de atuação e todas as pessoas se sentem nossos irmãos e irmãs.
Jesus quer a nossa participação solidária para resolver os nossos problemas. Deus faz maravilhas, mas quer a participação humana e solidária como quis ensinar a repartir os pães, no capítulo seis do Evangelho de são João e quis que os apóstolos dessem de comer ao povo. Ele ajudava as pessoas a se curarem pela própria fé. Até um copo de água ou um talento é valorizado por Deus. Ele lançou as sementes e confiou aos apóstolos e discípulos a missão de continuar, de forma comunitária e participativa, o anúncio e a prática do Evangelho. Seu trabalho humano e material acabou na cruz, mas sua ação e presença continuam na comunidade unida pela comunhão e participação. Ele não nos ensina a sermos famosos, heróis individualistas ou franco-atiradores, mas nos ensina a envolver o máximo de pessoas possíveis para participar na construção do projeto do seu Reino. Na nossa ação não podemos promover o individualismo, mas a comunidade participativa. Devemos educar para a comunidade e o envolvimento de todos na solução de nossos problemas sociais. Sem esta conotação participativa estaremos cometendo uma falha ética na nossa fé e ação em favor da promoção humana.
A ação evangelizadora de Jesus, não partiu de cima para baixo, mas de baixo para cima. Ele não se uniu a sacerdotes, reis, fariseus, escribas ou qualquer grupo ungido ou privilegiado. Ele se uniu, prioritariamente, a pessoas do povo como pescadores, pastores, cobradores de impostos, pecadores etc... Sua ação valorizou os leigos de seu tempo e, com eles, começou a sua atuação e evangelização. Ele mesmo não pertencia a nenhum grupo privilegiado da época, era um leigo. Quando falamos da promoção humana, como seguidores de Jesus Cristo, não podemos esquecer o protagonismo dos leigos na nossa Igreja. O Concílio Vaticano II abriu um grande espaço de reflexão a esse respeito, tentando resgatar esta posição de Jesus para colocá-la em prática em nossos dias. Vemos com grande esperança a atuação dos leigos na Igreja e almejamos que ocupem muito mais espaços para que ela seja de verdade o Corpo Místico de Cristo vivendo e atuando no mundo do jeito que Jesus viveu e atuou. A promoção do apostolado leigo, confiando-lhes responsabilidades cada vez maiores, é o grande testemunho que podemos dar, internamente, para promovermos os seres humanos, como Igreja de Cristo.
Jesus Cristo é o educador que veio nos mostrar o caminho para a vida. Ele veio dar testemunho do Pai e tudo o que Ele ensinou, Ele viveu. Seu ensinamento convencia porque Ele ensinava com a autoridade de quem vivia aquilo que pregava. Quando nós estamos comunicando Jesus Cristo as palavras se tornam vazias se não vivemos aquilo que anunciamos e nós perdemos o crédito e a autoridade. Somos educadores de Jesus Cristo que nos enviou para evangelizar o mundo com o Evangelho vivido na prática. Somos convidados a sermos colaboradores de Deus neste mundo. Deus não quer sacrifícios humanos nem o sofrimento de seus filhos. Ele não bebe o sangue dos pobres. Quem bebe o nosso sangue é um ídolo maldito que, infelizmente, é cultuado e adorado mais que o Deus infinito: o poder carreirista, o lucro ganancioso, a insensibilidade e o individualismo egoísta. Jesus nos convida a abrirmos os olhos de nosso povo para que vejam o caminho da partilha da entrega, da solidariedade e da felicidade. Deus quer que todos vivamos o amor-eucaristia e sejamos felizes, neste mundo, com amor, solidariedade, paz, vida e alegria. Jesus nos mostrou o caminho, Ele é o caminho. Nós devemos mostrar o caminho, devemos ser caminho para nossos irmãos e irmãs.
O exemplo de Jesus Cristo é o maior ponto de referência e o fundamento teológico e prático da fé e da promoção do ser humano. Sua palavra e ação, assumidas e interpretadas comunitariamente, devem nortear nossa fé e todas nossas atitudes nesta vida, pois ele é o Filho primogênito de Deus, a cabeça do seu Corpo Místico, o caminho, a verdade e a vida.
A fé e a evangelização, sem ações concretas em favor do ser humano, torna-se uma expressão sem autoridade e vazia de conteúdos. Nós precisamos saber ter o equilíbrio necessário entre a nossa pregação e o nosso testemunho. Nossa pregação deve levar-nos a uma ação mais intensa em favor dos pobres e excluídos e nossa ação junto a estes deve motivar-nos a anunciar a justiça e denunciar as injustiças como Cristo nos mostrou e ensinou.
Em nossa ação não podemos excluir os valores sobrenaturais e perder de vista o fim último da nossa vida como nos incentiva um santo do século passado[2]: Brada de joelhos a todo o mundo: a vida é um dia, um sopro; amanhã se morre. Feliz quem transformar em tesouro este dia, este instante; a feliz eternidade, a posse de Deus, o Céu será a divina recompensa.
De pouco servirá toda a nossa atividade, se nos colocarmos fora do campo sobrenatural, se não nos enquadrarmos na santa vontade de Deus.
Quanto trabalho, quantos sacrifícios por coisas desta terra que, comparadas com as do Céu e de Deus, valem menos que um punhado de moscas!
Esse tempo que passa e nos escapa seja para nós uma advertência e um estímulo no sentido de o valorizarmos o mais perfeitamente possível, lembrando-nos que vale tanto quanto vale Deus.
O melhor meio, portanto, de valorizarmos este precioso dom é empregá-lo inteiramente para o Senhor.
Disse Jesus: “Felizes aqueles servos que, quando o Senhor ao chegar, encontrar vigilantes!” O Cristão é vigilante quando vive da fé, quando atenta constantemente para os valores sobrenaturais, quando busca o santo Reino de Deus, quando está convencido que mesmo a tarefa mais humilde pode ser iluminada pela luz da santidade.
Hoje em dia pensa-se pouco, mesmo os cristãos, nas grandes verdades: Trocamos o céu pela terra e ainda nos felicitamos, ao passo que estamos aqui para conquistarmos o Paraíso celeste.
Como Cristo nos mostrou e ensinou o nosso contato com o Pai deve ser assíduo, pela oração, para não perdermos de vista nosso sonho, neste mundo.
O Seguidor de Jesus faz tudo, com toda a dedicação, mas convicto que tudo depende da atuação e vontade de Deus Pai e, no fim, coloca sua vida nas mãos de Deus Pai, confiante na sua divina bondade e Providência, mesmo nas horas que não consegue ver nada de promissor ou sucesso, com os olhos humanos.
Jesus mostrou e disse que a promoção humana é a caridade demonstrada no amor que devemos ter uns pelos outros. Seremos seus discípulos se vivermos a fé no seu amor, cumprirmos seus mandamentos.
A nossa regra é o evangelho e a pessoa de Jesus Cristo e a nossa identidade é a caridade.
Isso nos demonstra que a nossa fé praticada na promoção integral do ser humano é uma prova de que estamos vivendo e anunciando o verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo, enviado do Pai, para este mundo sedento de justiça e fraternidade.

EUCARISTIA: COMPROMISSO SOCIAL.

Jesus se encarnou, se fez igual a nós, conviveu conosco, pregou o Evangelho, testemunhou a vida verdadeira e quis ficar sempre conosco na Eucaristia.
No capítulo seis do Evangelho de João, ele percebe a fome do povo e aproveita para ensinar a lição da partilha. Pede a colaboração de quem tem alguma coisa para repartir com quem não tem nada e o milagre da partilha acontece. Todos ficam saciados e sobra muito pão para quem sabe partilhar. Começa aqui a lição da Eucaristia. Quando querem fazê-lo rei Ele explica que a Eucaristia é um compromisso de vida. Quem quer a vida eterna precisa comer a sua carne e beber o seu sangue, isto é, assumir tudo o que ele vive e prega e colocar em prática na sociedade. O povo sabia muito bem o que significava aquilo e percebeu que Eucaristia não é só um momento para satisfazer alguns desejos ou solucionar um problema imediato, mas é um compromisso com a vida e o Evangelho de Jesus Cristo na sociedade. Só os mais comprometidos com Jesus resolveram assumir estas palavras de vida eterna. Muitos o abandonaram porque aquele discurso era muito pesado. Jesus não diminuiu a linguagem e convidou até os poucos discípulos que ficaram para irem embora, se não quisessem assumir o verdadeiro sentido da partilha do pão, da Eucaristia.
A celebração eucarística aconteceu durante toda a vida de Jesus; celebrar a Eucaristia é celebrar toda a sua vida. Na ceia de despedida, quando Ele instituiu a Eucaristia, Ele prepara o clima com muitos gestos concretos de amor: Convida os discípulos a permanecerem unidos a Ele, no seu amor; lava os pés deles como gesto e exemplo de serviço; anuncia o seu mandamento do amor ao próximo; prevê a traição de Judas; reza pela unidade e a perseverança dos seus; institui o sacramento da Eucaristia no pão repartido e no vinho, seu sangue a ser derramado na cruz e, conforme São Paulo, ordena aos seus seguidores para fazerem isso em sua memória (cf. 1Cor 11,24).
Ter fé e celebrar a memória de Jesus, portanto, é fazer o que Ele fez. Disponibilizar o nosso corpo, forças, dons, capacidades e inteligência como doação, com humildade, servindo-nos uns aos outros, amando-nos como Ele nos amou, assumindo e vivendo toda a mensagem do Evangelho no mundo atual. O nosso sangue deve se gastar, em forma de suor, por exemplo, para construir uma sociedade mais justa e solidária que busque a partilha e a igualdade de direitos e deveres, entre todas as pessoas que vivem neste mundo de Deus. Todos devem caminhar, de mãos dadas, para a mesa de Deus repartindo seus dons e sua vida como Cristo faz, na Eucaristia. A Eucaristia deve também nos manter unidos a Cristo e a nossos irmãos e irmãs, no seu amor, de uma forma participativa e dinâmica que celebre a vida que recebemos de Deus e, também, seja alimento e incentivo para continuarmos firmes na caminhada, nos momentos alegres e nos momentos tristes, do nosso cotidiano, na nossa realidade social.
A Igreja apostólica se mantinha firme na oração, na pregação dos Apóstolos, na comunhão fraterna e na partilha do pão; todos repartiam seus bens e não havia necessitados entre eles (cf. Atos2, 42-47). A Eucaristia é o momento de encontro da comunidade que celebra a vida do Reino definitivo, comprometendo-se a construir, em comunhão participativa, o novo Céu e a nova terra, anunciados pelo livro do Apocalipse (cf. Ap21,1-5), sem árvore proibida, onde se pode louvar a Deus na simplicidade e sem exclusões (cf. Ap.22,2-5).
Como Jesus é o maná que Deus enviou do céu para alimentar o seu povo, a Eucaristia é o Cristo presente no meio de nós que continua a nos alimentar e a nos incentivar para viver a sua vida e o seu compromisso com a verdade, a justiça, a partilha e a igualdade. Cada vez que comungamos o corpo eucarístico de Cristo somos convidados a comungar com o seu Corpo místico que são nossos irmãos e irmãs, especialmente os mais necessitados de ajuda e conforto.
Não podemos celebrar a Eucaristia se estamos em falta fraterna com algum de nossos semelhantes; antes precisamos nos reconciliar e depois celebrar, para que nossa oferta possa ser aceita por Deus.

Reflexão

Nosso mundo é o altar de Deus e nele devem participar todos os filhos seus, por isso, não podemos celebrar a Eucaristia se excluirmos alguma pessoa da nossa vida. A Eucaristia só pode ser celebrada dignamente quando existir união, serviço, partilha, solidariedade, tolerância fraterna, reconciliação, perdão, mística comprometida com o pobre, humildade, amor, doação, justiça e fraternidade.
O nosso compromisso eucarístico deve estender-se a toda a nossa sociedade. Nós não podemos viver isolados do mundo em que habitamos. Precisamos nos envolver e auxiliar a nossa sociedade a resolver os problemas, iluminada pelos princípios cristãos que a Eucaristia nos propõe. Precisamos formar as pessoas e os meios que formam a opinião pública (imprensa, internet) para que orientem os seres humanos na busca de uma sociedade fraterna e igualitária. As pessoas encarregadas da vida pública, os trabalhadores da imprensa e internet devem conhecer os princípios cristãos para terem um ponto de referência por onde se nortear, para organizar a sociedade dentro dos princípios cristãos que promovam todos os seres humanos a uma condição de vida digna de cidadãos unidos, na mesma origem e natureza divinas. A sociedade deve ser envolvida na construção de um novo céu e uma nova terra sem males, nem dores e nós cristãos, iluminados pelos princípios eucarísticos, podemos formar um bloco consistente capaz de estimular pelo exemplo e pela participação os verdadeiros valores que Jesus nos mostrou e ensinou para que todos tenham seu espaço digno no mundo que Deus nos presenteou como dom.
Toda nossa ação social, além de ser fundamentada nos valores eucarísticos, deve ser regada por uma espiritualidade profunda e comprometida com a nossa realidade. Não podemos sustentar nossa ação eucarística com uma espiritualidade intimista, exibicionista, individualista e alienante. A nossa espiritualidade também deve ser eucarística, participativa e comprometida com a vida e o mundo que nos rodeia. A nossa espiritualidade deve ser tão intensa que nos leve a viver uma vida mais comprometida e a nossa vida deve ser tão comprometida com a nossa sociedade que nos induza a sentir a necessidade de momentos fortes de espiritualidade. O ativismo exagerado pode nos levar a viver uma vida atribulada e sem conteúdos sobrenaturais, por isso nós devemos procurar momentos para estar com Deus e poder animar e fundamentar a nossa vivência eucarística na sociedade.
A fé e a promoção humana exige de nós que atendamos o ser humano em todos os seus aspectos, para ser integral, por isso não podemos descuidar do nosso espírito que vivifica as nossas ações e precisa ser arquivo e rede social, reservatório e canal para saciar a sede daqueles pelos quais doamos a nossa vida, como Cristo faz na Eucaristia. A espiritualidade é elemento indispensável ao ser humano, por isso a promoção humana não deve se furtar da promoção da espiritualidade como uma necessidade básica do ser humano, para a conquista da liberdade plena e da felicidade.
A fé eucarística exige de nós que nos envolvamos na busca da dignidade da pessoa humana diante de qualquer poder sufocante. Nos impele a defender a liberdade das pessoas e das nações, a buscar uma distribuição equitativa dos bens deste mundo entre os povos e os indivíduos, a decidir os dissídios através do diálogo sem uso da força, a exigir formas de governos que atendam às justas aspirações dparticipativas dos povos.
A Igreja, Corpo Místico de Cristo, deve defender as liberdades humanas econômicas, sociais, políticas e morais; iluminar as mentes, abrir as consciências e ser realmente solidária com o mundo dos oprimidos. A promoção dos seres humanos é tarefa insubstituível e necessária para concretizar a fé e o amor que celebramos na Eucaristia. Devemos nos preocupar com todas as pessoas que vivem neste mundo porque todos são filhos e filhas de Deus.
A vida da sociedade deve ser a vida da Igreja porque a Igreja vive nesta sociedade. A nossa fé na Eucaristia exige que participemos de toda a vida da sociedade procurando nos envolver, com o máximo de nossas possibilidades, para buscar a transubstanciação da sociedade. O mundo materialista deve ser transformado, pela ação do Espírito Santo, em um mundo místico de convivência e amor fraterno.
A fé, a esperança e a nossa caridade deve ser eucarística, isto é, participativa e universal, sem exceções, nem discriminações. Deve promover o ser humano integralmente e ir ao encontro de todos, mas privilegiar aquelas pessoas que mais sofrem a exclusão social por causa de sua situação desumana de vida.
A fé a esperança e a caridade, iluminada pela Eucaristia, deve levar-nos a partilhar todos os nossos bens, evitando acúmulos e desperdícios desnecessários, quando tantos não têm o necessário para a sobrevivência. Assim nossa caridade será um exemplo que arrasta as pessoas para saírem de si e irem ao encontro dos menos favorecidos e desvalidos da sociedade, pois serão capazes de verem, no pobre e no sofredor, a imagem de Cristo nos convidando a prestar-lhe culto ali onde o povo está presente. A promoção do ser humano é o maior gesto de caridade e o verdadeiro culto que agrada a Deus, pois todos fomos resgatados pelo sangue redentor de Cristo.
A Eucaristia é o pão repartido, igualmente, entre todos, de uma maneira participativa e dinâmica. A caridade é a extensão da Eucaristia na vida concreta dos filhos de Deus. Ela não pode olhar para as diferenças de raças, nacionalidades, religiões, partido político ou qualquer coisa que possa diminuir a nossa doação e serviço cristão para que não falte pão e vida para ninguém.
A Eucaristia nos impele para a busca da justiça social. Devemos tomar cuidado para não nos preocupar demais com nossa vida intraeclesial descuidando da justiça social. O fim último dos seres humanos consiste em serem humanos no verdadeiro sentido da palavra; não fomos criados para sermos anjos, mas para sermos humanos, portanto, quanto mais nos humanizamos mais felizes seremos. Para nos humanizarmos sempre mais nós precisamos buscar o bem comum e o bem comum só se alcança através da prática da justiça. Para que a justiça aconteça, nós devemos privilegiar, na nossa ação, os menos favorecidos que estão mais distantes de uma vida digna e humana. A vida proposta pela Eucaristia deve ser a meta de quem busca com sinceridade a justiça social. Não deveríamos dormir tranquilos enquanto soubermos que temos irmãos e irmãs, sem o suficiente para viver uma vida humana saudável e feliz. A justiça social não se consegue com violência, tortura e arrogância, ela deve ser buscada junto com a vivência da caridade que exige doações individuais que, num primeiro momento, parecem dolorosas, mas que nos impulsionam à felicidade de servirmos a Deus para a construção de um mundo igual para todos seus filhos e filhas.
Escreveu muito bem este Santo precursor do Vaticano II, na década de 1950: “Na Eucaristia se realiza a caridade total. Com a Eucaristia o altar de Deus se torna a mesa dos seres humanos, e a nossa mesa se torna o altar de Deus. O Jesus do altar se estende em todo nosso irmão deste mundo, e especialmente no mais pobre...
A comunhão-união encontra seu sentido vital no corpo místico de Cristo, do qual todos fazemos parte. No corpo e sangue de Cristo, que todos participamos, nos tornamos irmãos consanguíneos...
Querendo confirmar a presença de Cristo na Hóstia corremos o risco de nos isolar em uma adoração individualista e egoísta, preferindo adorar a presença antes que viver a ação eucarística. Nós tornamos assim estreito e mesquinho nosso horizonte em comparação com o pensamento de Cristo: “Pai que todos sejam um como nós somos um...”
Quantas pessoas que se aproximam do altar para comungar e estão desunidas e intrigadas entre si? Isso só denigre o significado social da Eucaristia...A Eucaristia exige um senso social e unitário. A Eucaristia não é só união com Deus, mas união entre as pessoas. Temos que resgatar o sentido social da Eucaristia...
Não devemos nos unir a Jesus se excluirmos um só de nossos irmãos. A Eucaristia é um chamado a vermos Cristo nos irmãos indigentes, aqueles que representam ao vivo Jesus faminto que pede pão, Jesus sedento que pede água, Jesus nu que treme de frio, Jesus mendigo que não tem onde reclinar a cabeça, Jesus desiludido que pede conforto.” (São João Calábria)
Aqui nós percebemos o significado da Eucaristia como um compromisso social numa dimensão de anúncio, libertação e comunhão.

DEUS É VIDA


A fé, esperança e caridade na promoção humana é a promoção da vida integral de todos os seres humanos, através da comunhão fraterna de bens materiais, afetivos e espirituais, porque todos são filhos e filhas de Deus, irmãos e irmãs de Jesus Cristo.
Deus sempre se preocupou com a vida humana. Conforme o livro do Gênesis, Ele chamou Abraão da cidade de Ur e o conduziu para a terra prometida em busca de uma nova vida. Ensinou a Abraão que Ele não quer a morte das crianças (Gn 22,11-12), mas a vida para todos; Ele não necessita de sangue, morte e sacrifícios humanos. Ele quer a vida em plenitude porque Ele é a vida. Começou um novo povo que preparou a vinda daquele que será o caminho, a verdade e a vida.
Quando a vida do povo foi ameaçada, pela fome, Deus levou seu povo para o Egito onde tinha pão em abundância. Ao sobrevir a escravidão, que limitou e subordinou a vida do seu povo, Deus preparou Moisés que liderou uma caminhada libertadora pelo deserto, onde o povo foi sendo catequizado para organizar a sua vida de acordo com os dez mandamentos que são orientações normativas para proteger e promover a vida plena do seu povo. Ao chegar à terra de Canaã, Deus propiciou um espaço suficiente para que o seu povo possa viver com dignidade.
No decorrer dos séculos enviou os sumos sacerdotes e os reis para liderar a caminhada do povo de Deus e, quando estes maltratavam ou excluíam os pequenos, surgiam profetas que anunciavam a esperança, a vida e denunciavam tudo o que limita ou diminui a vida e a dignidade do povo.
No novo testamento Deus enviou o seu Filho ao mundo como o Verbo que é a vida (Jo 1,4), caminho, verdade e vida (Jo 14,6), o pão da vida (Jo 6,35), ressurreição e a vida (Jo 11,25). Ele veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância(Jo 6,40).
De fato Deus se humanizou para dar um valor infinito à vida humana porque Ele se fez igual a nós. Jesus Cristo sempre se preocupou com a vida dos seres humanos dando atenção especial para aqueles que viviam numa situação desumana. Ele curou os doentes, saciou os famintos, abriu os olhos aos cegos, fez os paralíticos andarem, perdoou os pecadores, confortou os tristes, consolou os aflitos e anunciou a Boa Nova aos pobres. Enfim ele se preocupou e ajudou a melhorar a vida das pessoas; convivia com as pessoas e despertava a vida que existia dentro delas sem ser um milagreiro mágico, mas ajudando-as a melhorarem sua situação de vida pela própria fé.
Ele falou que Deus é um Pai que cuida da vida de seus filhos, se preocupa com a natureza, cada fio de cabelo que cai de suas cabeças e nos dará o suficiente para vivermos bem se nós buscarmos em primeiro lugar o seu Reino de Deus e a sua justiça. Ele nos julgará, não pelas vezes que dissermos Senhor, Senhor, mas pelas obras de promoção da vida em nossos irmãos mais desvalidos e sofredores, pois todas as vezes que fazemos isto ao menor dos seres humanos é à Deus presente neles que o fazemos (Cf. Mt.25,31-46).
Jesus começou uma comunidade que continuou sua ação a favor da vida integral do ser humano. Eles dividiam seus bens, tinham tudo em comum e não haviam necessitados entre eles. Os bens eram partilhados para que todos tivessem o mesmo direito de viver (Atos 4,32-37).
Durante toda a história, a Igreja se preocupou com a vida do povo de Deus através de obras em defesa da mesma nas mais diversas circunstâncias. No século IXX e XX, surgiram muitas obras a favor da promoção da vida humana e a Doutrina Social da Igreja se preocupou muito com os direitos inerentes à vida dos seres humanos através de Encíclicas sociais e da sua ação pastoral a favor da vida onde ela esteve mais ameaçada.

Reflexão

Deus é Pai, é Mãe, é tudo e se preocupa com a vida de seus filhos. Ele se faz presente nas pessoas que não tem qualidades humanas e nos lugares onde a ausência de recursos torna a vida difícil de ser vivida na sua plenitude. Ele respeita a liberdade da vida humana e incentiva o ser humano a viver em coerência com os princípios básicos da vida, iluminados por uma fé atuante na condução da vida humana.
A Providência Divina é uma boa mãe que se preocupa com a vida de seus filhos com uma ternura e um cuidado muito especial. Ela nos ajuda para que possamos exercer uma caridade, uma esperança e uma fé que liberte nossos irmãos da escravidão e da penúria que desumaniza as suas vidas porque a vida é o grande dom que Deus nos deu gratuitamente para ser desenvolvida e promovida na doação e no serviço gratuito e fraterno, sem ânsias e nem angústias.
Na promoção da vida humana nós precisamos fazer uma opção evangélica, clara e sem titubeios, pelos pobres e excluídos das condições mínimas para uma vida digna, para isso a Igreja deve iluminar, com sua fé, sua ética e seus princípios Cristãos, a política que rege as nações afim de que ela tenha um compromisso social de inclusão para a vida de direito e de fato na sociedade, alimentada por uma mística comprometida com a vida e a verdade.
A nossa fé cristã não pode fugir do compromisso com a vida de nossos irmãos e irmãs filhos do mesmo Pai, vivendo um amor comprometido com toda forma de vida e privilegiando sua ação para os lugares onde a vida está mais limitada ou diminuída. O amor cristão deve preocupar-se para que todos os filhos e filhas de Deus tenham um lugar para viver neste mundo e o suficiente para desenvolver sua vida com liberdade de espírito, com uma propriedade suficiente e um trabalho que dignifique a sua vida e permita viver e praticar a caridade universal.
Devemos promover a justiça social de acordo com os princípios cristãos da participação, da partilha e da solidariedade, conforme o amor cristão, para que tenhamos a globalização do amor e da fraternidade que constrói a vida em igualdade de condições na diversidade de dons.
A Eucaristia deve levar-nos a viver com maior intensidade a nossa vida concreta num compromisso social de solidariedade que envolve toda a vida para participarmos na construção do novo céu e da nova terra sem lágrimas nem dores, onde a vida se desenvolve em toda a sua plenitude, sem dominadores nem dominados, mas com uma democracia participativa, fundamentada na paternidade divina e na fraternidade humana em Jesus Cristo.
Nossa missão em defesa, na promoção e no desenvolvimento da vida deve englobar todo o universo que é a criação de Deus e foi resgatado por Jesus Cristo. Toda forma de vida deve ser preservada, promovida e respeitada, pois é emanação e presença de Deus entre nós. Nossa missão se estende para todos os recantos do universo onde pode acontecer ou existir a vida. Nós precisamos educar as pessoas para a vida para promovermos uma cultura de vida e terminar com a cultura de morte que existe em tantos ambientes sociais, colaborando com Deus na sua obra em favor da vida e da igualdade.
A vida é a presença divina, como dom, em nós. Promovendo a vida estaremos aumentando a presença de Deus no nosso mundo. O mundo é uma emanação do amor de Deus para que os seres humanos, seus semelhantes, possam compartilhar da felicidade de Deus. Deus é a felicidade e promovendo a vida estaremos aumentando a felicidade no mundo para torná-lo uma rede social de união, amor e felicidade, um jardim florido, um paraíso, onde possamos nos comunicar, viver e amar, na liberdade de filhos e filhas amados por Deus.
Deus amou tanto o mundo que enviou seu filho Unigênito para que o mundo seja salvo por Ele. Jesus nos ama e quis ficar conosco todos os dias, até o final dos tempos, pelo Espírito Santo, na Eucaristia que promove a vida plena do povo de Deus. Estes devem ser os grandes fundamentos que nos incentivam a continuar sempre firmes e atuantes no nosso trabalho de promoção humana que testemunha a nossa fé cristã.
Muitos escritos foram redigidos em defesa da vida, nós queremos destacar, após a Palavra de Deus, as Encíclicas Sociais da Igreja no final do século IXX e no século XX, as encíclicas e documentos sinodais dos últimos Papas, de Medellim, Puebla, Santo Domingo, Aparecida e os muitos documentos da CNBB, como fontes de pesquisa seguras para fundamentar nossa ação na promoção e defesa da vida.

*Pesquisa editada no dia 18 de outubro de 2012, dia de São Lucas, evangelista.



[1] Pai na bíblia não se refere à situação de gênero masculino, pois muitas vezes Jesus fala de Deus tomando atitudes femininas como o pai do filho pródigo que espera o filho com uma afeição materna; ou no sermão da montanha que fala do Pai que cuida de cada cabelo que perdemos, etc... No antigo testamento temos muitas referências a Deus com atitudes femininas como em: Os. 11, 1-4.8 - Jr. 31,20 - Is. 49,15 – Is. 63,13 – entre outras.
[2] CALÄBRIA, João, Retornemos ao Evangelho. Edições Paulinas, 1979, p. 225.