Enquanto adornas o templo, não desprezes o irmão
que sofre
Que proveito haveria, se a mesa
de Cristo está coberta de taças de ouro e ele próprio morre de fome? Que acontecerá se ao vê-lo coberto de andrajos e morto de frio, deixando
de dar as vestes, mandas levantar colunas douradas, declarando fazê-lo em sua
honra?
Queres honrar o corpo de Cristo?
Não o desprezes quando nu; não o honres aqui com vestes de seda e
abandones fora no frio e na nudez o aflito.
Pois aquele que disse: Isto é
o meu corpo (Mt26,26) e confirmou com o ato a palavra, é o mesmo que falou:
Tu me viste faminto e não me alimentaste (cf. Mt 25,35); e: O que não fizeste a um destes mais pequeninos,
não o fizeste amim (cf. Mt 25,45). Este não tem necessidade de vestes, mas
de corações puros, aquele, porém,precisa de grande cuidado.
Aprendamos, portanto, a
raciocinar e a reverenciar a Cristo como lhe agrada. A honra mais agradável a
quem se deseja honrar é aquela que ele prefere, não aquela que julgamos melhor.
Pedro, por exemplo, julgava
honrá-lo, não permitindo lavar-lhe os pés; mas o que queria não vinha a ser
honra, mas exatamente o contrário. Assim, honra-o tu com a honra prescrita em
lei
, distribuindo tua fortuna com os pobres. Deus não precisa de vasos de ouro,
mas de almas de ouro.
Digo isto, não para proibir que
haja dádivas, mas que com elas e antes delas se dêem esmolas. Porque ele aceita
aquelas, porém, muito mais estas. Daquelas só quem oferece tem lucro; destas,
também aquele que recebe. Lá o dom parece ser ocasião de ostentação; aqui só
pode ser compaixão e benignidade.
Que proveito haveria, se a mesa
de Cristo está coberta de taças de ouro e ele próprio morre de fome? Sacia
primeiro o faminto e, depois, do que sobrar, adorna sua mesa. Fazes um cálice
de ouro e não dás um copo de água? Que necessidade há de cobrir a mesa com véus
tecidos de ouro, se não lhe concederes nem mesmo a coberta necessária? Que
lucro haverá? Dize-me: se vês alguém que precisa de alimento e, deixando-o lá,
vais rodear a mesa, de ouro, será que te agradecerá ou, ao contrário, se
indignará? Que acontecerá se ao vê-lo coberto de andrajos e morto de frio, deixando
de dar as vestes, mandas levantar colunas douradas, declarando fazê-lo em sua
honra? Não se julgaria isto objeto de zombaria e extrema afronta?
Pensa
também isto a respeito de Cristo, quando errante e peregrino vagueia sem teto.
Não o recebes como hóspede, mas ornas o pavimento, as paredes e os capitéis das
colunas, prendes com cadeias de prata as lâmpadas, e a ele, preso em grilhões
no cárcere, nem sequer te atreves a vê-lo. Torno a dizer que não proíbo tais
adornos, mas que com eles haja também cuidado pelos outros. Ou melhor, exorto a
que se faça isto em primeiro lugar. Daquilo, se alguém não o faz, jamais é
acusado; isto porém, se alguém o negligencia, provoca-lhe a geena e fogo inextinguível,
suplício com os demônios. Por conseguinte, enquanto adornas a casa, não desprezes
o irmão aflito, pois ele é mais precioso que o templo.
Ouça esta canção e mãos a obrA... SEMPRE É TEMPO!
http://www.youtube.com/watch?v=cLNKMAFPp7o
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