EIXO CENTRAL DA FÉ CRISTÃ.
- FÉ E VIDA -
Pe. Júlio
Gotardo Soster
juliogotardo@hotmail.com
www.juliogotardo.com.br
A nossa fé sem
obras é morta, diz São Tiago (Tg. 2,17), mas as nossas obras precisam ser
fundamentadas e iluminadas pela nossa fé, para não se tornarem um corpo sem alma.
DEUS: PAI (Mãe).
A
grande novidade que Jesus Cristo nos revelou é que Deus é Pai.[1]
Conforme
o livro do Gênesis, Deus é o Pai criador do qual emana a vida do mundo. Ele fez
o céu e a terra e todos os seres que nela habitam. Criou o homem (e a mulher) a sua imagem e semelhança,
para que pudessem administrar os bens e viver neste mundo conforme a sua
vontade, num paraíso de felicidade e dignidade.
Os
seres humanos quiseram ser mais do que Deus e provocaram um caos, mas o Pai, no
seu infinito amor, escolhe, entre tantos, a Abraão e o convida para sair de sua
terra e ir a outro lugar e começar um novo povo com um novo jeito de viver.
Através
de Abraão, Isaac e Jacó, Deus começa a mudar a maneira de pensar do seu povo
que vai crescendo na terra de Canaã. A necessidade fez o Povo de Deus ir para o
Egito, onde se tornou escravo de um império que acreditava em outros valores e
deuses.
No
livro do Êxodo vemos que o Pai escolhe Moisés e o prepara para animar e coordenar
a libertação de seus filhos. Moisés enfrenta o imperador e, em nome de Deus,
liberta seu povo da escravidão. Começa uma catequese que irá durar quarenta
anos pelo deserto para formar os filhos de Deus, varrer os vícios do império e
descobrir os mandamentos que expressam a vontade do Pai para os seus filhos caminharem
unidos e formarem de novo o povo de Deus. O Pai (Javé) caminhava com seus
filhos liderados por Moisés.
No
decorrer de todo o Antigo Testamento o Pai formou seu povo e caminhou com eles
em todos os momentos. O Pai deu-lhes sacerdotes, ungiu reis para governar seus
filhos, enviou profetas para orientá-los, animá-los e corrigir as falhas que
aconteciam na caminhada. Enfim o amor do Pai perpassa todo o Antigo Testamento
com gestos concretos de apoio, incentivo e carinho que nenhum outro povo jamais
experimentou.
Por
fim Deus amou tanto o mundo que enviou seu próprio filho para que o mundo seja
salvo por Ele (Jo3,16), nos mostra o Novo Testamento.
Reflexão
Como a
paternidade de Deus é o fundamento maior da nossa fraternidade, não podemos
chamar a Deus de Pai se tratamos nossos irmãos como inimigos ou estranhos, se
não nos preocupamos com a desigualdade de condições de vida que existe entre
seus filhos.
Da
paternidade de Deus nós deduzimos a necessidade da busca de justiça, na qual
devemos privilegiar os mais fracos e desvalidos para que seja diminuído o
abismo existente entre estes e aqueles que detêm de forma cumulativa e egoísta
os bens deste mundo.
Deus é
pai, é mãe, é tudo... Este amor e carinho, que Ele tem pelos seus filhos, possuem
características femininas também. Deus Pai(Mãe)
cuida de cada um de seus filhos com um amor muito especial e acompanha seus
passos com a ternura de sua Providência. Seu grande desejo é que seus filhos e
suas filhas vivam em harmonia e fraternidade, inspirados neste amor que emana
da sua bondade. As pessoas, especialmente as crianças, que vivem neste mundo
sem pai nem mãe, precisam de corações que, inspirados no amor de Deus Pai(Mãe), as acolham e as façam perceber que
são frutos do amor e carinho deste Deus que as quer felizes e livres para amar,
sem preconceitos nem discriminações.
A
Providência Divina é a face materna de Deus que se preocupa para que não falte
nada a seus filhos. Nós precisamos ter confiança total e nos abandonar nos
braços desta boa mãe que certamente não permitirá que nos falte nada. Confiar
na providência não é cruzar os braços para que Deus faça a nossa parte, mas é
fazer tudo aquilo que nossas forças nos permitem, em busca do bem, com a
convicção de que tudo depende de Deus. A fé na Providência é um salto com
confiança, mesmo sem prever onde vamos chegar. Devemos estar atentos aos sinais
dos tempos e às diversas circunstâncias do momento presente para perceber qual
é a vontade de Deus que vai se revelando na dinâmica da vida. Quem confia na
Providência é capaz de superar as leis e tudo o que deturpa a dinâmica do amor
criativo de Deus. A confiança na Providência Divina é fundamental para
buscarmos a promoção da vida de nossos irmãos e irmãs que não se encaixam em
nenhuma lei humana e, na liberdade, precisam ser incluídos na nossa sociedade
para que, junto com eles, nós continuemos sempre avante, buscando o Reino de
Deus e a sua justiça.
O
maior dom do Pai para seus filhos é o dom da vida(Espírito) que é a sua presença criadora e santificadora neles. O
mundo todo é continuação da vida Divina, mas o ser humano foi criado à imagem e
semelhança de Deus. A vida humana deve ser, portanto, promovida e desenvolvida
com o mais alto grau de dignidade e respeito porque é a presença de Deus em
cada filho seu, de uma forma criativa e vivificadora, que nos eleva à condição
de filhos muito amados do Pai, que quer a vida plena e eterna para todos.
Quando vemos a vida sendo diminuída, violentada, oprimida, escravizada
percebemos que estamos distantes do verdadeiro valor que ela tem. A vida é um
dom de Deus para todos os filhos e filhas seus e, portanto, devemos promovê-la
e defendê-la desde o seu início e em todos os seres igualmente. Escravizando,
diminuindo, torturando, oprimindo ou destruindo a vida estaremos diminuindo a
presença de Deus em nosso meio e colaborando para que o mundo se torne um caos
a deriva da morte(lúcifer). A nossa felicidade aumenta sempre que nasce e
cresce a vida em nosso meio; ela é dinâmica e vai se perpetuando com a nossa
colaboração, neste mundo. É dever ético de todos os filhos e filhas de Deus promover
e fazer crescer a vida em todos os seus aspectos, para sermos criadores e
promotores, juntos com nosso Pai celeste, da vida que dá motivação, fundamento
e sentido à nossa existência.
Deus é
Pai de todos nós e, portanto, todos somos irmãos e irmãs. A fraternidade humana
tem seu fundamento na paternidade divina, por isso é inconcebível que uma
pessoa de sã razão possa considerar-se cristã e não se importar nem fazer nada
diante do sofrimento de um ser humano, por mais distante que ele esteja da sua
realidade. Somos membros da grande família humana e, quando algum de seus
filhos sofre, todos temos o dever cristão de redobrar as atenções a essa pessoa
para que ela se sinta irmã, amada e filha, com igualdade de direitos e deveres
neste lar divino que é o nosso mundo. A fraternidade deve coexistir com a
liberdade para ser dinâmica e completar a obra do amor do Pai. Não pode haver
fraternidade regida por medo, submissão ou limites impostos pelas normas
criadas para privilegiar seus idealizadores. A caridade supera todas as leis.
Os nossos irmãos e irmãs que mais sofrem devem ter lugar de destaque na nossa
doação e interesse social para serem promovidos à dignidade de filhos de Deus e
irmãos de todos. Somos todos irmãos e irmãs, o sonho do Pai, expresso pelo seu
Filho amado, é que todos sejam um... (Jo17,21). Que todos tenham vida...(Jo6,40).
Que nos amemos uns aos outros...(Jo13,34). Que participemos unidos na
construção de um mundo justo e solidário, sem oprimidos e nem opressores.
O
Mundo é obra da criação de Deus para uso de todos os filhos e filhas seus em
igualdade de direitos. A propriedade dos bens deste mundo não pode se restringir
a um grupo de privilegiados que usam e abusam dos mesmos deixando seus irmãos e
irmãs na situação opressora e humilhante da sobrevivência, no limite da morte.
A propriedade pode ser individual, mas pertence a todos no que diz respeito ao
seu uso. Todos, sem exceção, têm o direito de ter uma propriedade suficiente
para exercer sua liberdade de filhos e filhas do Criador. O mundo todo é o lar
que Deus dispôs para que seus filhos e filhas possam viver na fraternidade, com
igualdade de condições e liberdade, por isso todos têm o direito de exercer sua
cidadania fundamentada na filiação divina. Defendendo o direito de partilha e
redistribuição, do acesso à propriedade dos bens deste mundo, estaremos
promovendo a pessoa humana à sua dignidade de filha do mesmo Deus e irmã de
todos seus semelhantes e abrindo as portas para que aconteça a justiça social,
conforme o Evangelho de Jesus Cristo. Isso é caridade.
O ser
humano, porque filho do Criador, tem a vocação de continuar a obra criadora do
Pai através de seu trabalho desenvolvido em condições de liberdade conforme os dons
de cada um. Jesus Cristo trabalhou na carpintaria de Nazaré para ter o sustento
de sua vida e sua família. O trabalho deve levar o ser humano a ter o necessário
para a sua sobrevivência e sentir-se honrado de poder contribuir com a obra
criadora e dinâmica de Deus. Buscar o direito dos trabalhadores para que possam
se sentir filhos dignos do Pai Criador é obrigação ética de todo cristão que conhece
e quer viver a caridade na prática. Um salário digno para quem exerce qualquer
tipo de trabalho também é questão de dignificar e valorizar quem está
colaborando com a obra do Pai e merece sustento para exercer sua liberdade de
filho ou filha, com responsabilidade.
Deus é
Pai e quer que todos os povos possam conviver neste mundo globalizado. Que se
respeitem as minorias étnicas, que as culturas minoritárias sejam promovidas e
consideradas pelas culturas fortes ou dominantes. Todos os povos têm direito à
vida e a independência para viver a liberdade na diversidade de filhos gerados
pelo amor criativo de Deus.
Deus
não quer imperialismos ou nacionalismos que dominam povos irmãos pela força das
armas de destruição violenta. Os seres humanos têm o dever cristão, como filhos
de Deus, de acabar com a exploração dos indivíduos ou das classes; que seja
eliminada a miséria, que haja trabalho e propriedade para todos sem exceção;
que acabe a exploração política de grupos privilegiados e que o sistema
econômico seja organizado a serviço do ser humano e não o contrário. A nossa
atuação, política e social, se dará, nestes termos, se tivermos a capacidade
cristã de colocar o amor sobre o ódio, a desconfiança, o utilitarismo; um amor
fundamentado na comunhão de nossa origem, na nossa característica racional
comum a todos; especialmente um amor fundamentado na paternidade de Deus e na
redenção de Cristo seu filho amado e nosso irmão.
A
paternidade divina deve ser a luz que dá significado e ilumina um regime
democrático. Todos os filhos e filhas de Deus têm direitos iguais e devem
participar unidos na construção de um mundo mais justo e solidário. Não é justo
que se formem grupos para defender interesses de uma classe ou pessoa, em
detrimento dos demais filhos e filhas de Deus. Precisamos defender os direitos
individuais de todos os cidadãos que fazem parte da nossa sociedade, respeitando
os dons e as individualidades de todos, porque todos têm o direito de conviver
e exercer seus direitos políticos e sociais, bem como, todos tem o dever de
participar para organizar a sociedade de forma a ser uma família orientada
pelos valores do perdão, da convivência, do diálogo, da tolerância, da justiça,
da compreensão, da solidariedade, da partilha e da comunhão, para realizar o
sonho de Deus Pai que quer que todos seus filhos e filhas sejam um.
Como
filhos do mesmo Pai nós temos a missão de anunciar o Evangelho da caridade para
todo o mundo. Não podemos nos restringir ou limitar a lugares ou grupos específicos,
pois o mundo todo é de Deus. Devemos assumir, como nossa missão, todos os
lugares que Ele nos propõe para anunciar e praticar o bem, atentos aos sinais
dos tempos e as circunstâncias que são dinâmicas com o passar dos anos. Como o
mundo todo é de Deus também as pessoas são todas filhas de Deus por isso nós
não podemos fazer acepção de pessoas. Nós devemos atender ricos e pobres,
sábios e analfabetos, doentes e sãos, maus e bons, porque todos são filhos do
mesmo Pai e nossos irmãos merecedores de nossa atenção. Devemos priorizar de
maneira particular aquelas pessoas que estão excluídas na nossa sociedade, por
falta de condições, e precisam de um apoio especial para conquistar a dignidade
de filhos e filhas em iguais condições. Também, os lugares mais difíceis de
trabalhar, devem ter uma prioridade especial para promover o ser humano mais
esquecido que está, certamente, entre os filhos mais diletos e queridos de Deus
Pai(Mãe). A justiça de Deus é para
todos, mas ela privilegia aqueles que estão distantes do necessário para uma
vida digna, para que cheguem, o mais próximo possível, de um nível de
convivência fraterna. A nossa caridade também deve estar aberta a todos, mas
deve privilegiar aqueles que estão mais distantes de uma vida digna de filhos e
filhas de Deus.
Como
membros desta grande família humana nós não podemos nos sentir alheios a tantos
pecados que acontecem contra a caridade. Não se trata de fazer nossa parte e
nos sentir livres da responsabilidade dos erros cometidos por nossos irmãos e
irmãs. Nós temos a obrigação cristã de nos sentir, pelo menos por omissão,
responsáveis diretos por tantos pecados cometidos e precisamos assumir uma
missão redentora para, junto com Jesus Cristo, tirar o pecado do mundo. Nossa
cruz talvez seja a exclusão, a incompreensão, a calúnia, a crítica desmedida, a
perseguição, a tortura, falta de apoio, etc... Nós não podemos, por isso,
abandonar a profecia com atitudes e palavras; podemos sim colocar tudo nas mãos
do Pai e confiar na sua Providência para que este furacão conduza nosso barco,
guiado por Jesus Cristo, até o porto da vida e da eternidade, produzindo
energia eólica que ilumine pra sempre a nossa sociedade.
A
promoção humana é fazer com que todos os seres humanos tenham uma vida digna
como filhos e filhas do mesmo Pai que quer a inclusão social, a vida e a vida
em abundância para todos seus filhos e filhas, sem exceção. Somos todos filhos
e filhas de Deus e, portanto, merecedores da vida que Deus Pai nos deu para ser
vivida em plenitude. A fé em Deus Pai é o fundamento maior da promoção humana.
JESUS CRISTO: IRMÃO E EXEMPLO.
Quem
nos revelou Deus foi o seu Filho único. (Jo1,18).
Jesus
Cristo é a revelação de Deus. Deus preparou um povo para receber o seu Filho
amado. Ele foi anunciado por Moisés e os profetas. Jesus se fez humano e
habitou entre nós, conviveu conosco e nos mostrou que Ele é o caminho, a verdade
e a vida.
Jesus
se fez humano para nos divinizar e sua atenção privilegiada esteve sempre
voltada para os excluídos de seu tempo: as mulheres, as crianças, leprosos,
pecadores, cegos, surdos, mudos, epiléticos, paralíticos, doentes, os pobres,
pastores, pescadores, lavradores, prostitutas, enfim, todas as pessoas, que a
sociedade deixava a margem de uma vida digna e humana, eram objetos de seu amor
e carinho, com predileção. Estes nos precederão no paraíso e o Reino de Deus pertence
a estes, pois são os doentes e não os sãos que precisam de médico.
A sua
encarnação é a prova primeira de seu amor para conosco. Ele sendo de condição
divina se fez humano para tornar-se igual a nós e mostrar-nos que o ser humano
tem um valor infinito. Ele provou a nossa fragilidade humana e desde a infância
foi obrigado a ser protegido da prepotência dominadora que tentou eliminá-lo,
como se fosse um concorrente perigoso.
Jesus
cresceu e se desenvolveu em sabedoria e graça diante de Deus e das pessoas, de
uma maneira tão simples e imperceptível, que muitos não o reconheceram como luz
do mundo e colocaram em dúvida a sua capacidade profética e sua condição de
filho de Deus capaz de realizar maravilhas junto com as pessoas que tem fé.
Sua
vida toda foi um serviço de doação às pessoas, sem descuidar de uma espiritualidade
encarnada na realidade. Ele foi tentado a abandonar o projeto de Deus e
resolver os problemas do mundo de uma maneira mágica e ilusória, dominando todos
os povos, como sonhavam os imperadores e reis de então, e servindo ao autor da
prepotência e ilusão. Apoiou-se na Palavra de Deus, para argumentar sua ação, e
mostrar-nos quem é o verdadeiro Deus que deve ser adorado e cultuado.
Sua
pregação foi um alento para os pobres e oprimidos e, ao mesmo tempo, foi uma
chamada de atenção aos ricos e poderosos que oprimiam o seu povo com suas leis
injustas e até utilizavam o nome de Deus como instrumento para manter o domínio
e a opressão dos pobres trabalhadores. Convidou todos à conversão e falou que o
Reino de Deus está no meio de nós e devemos perdoar sempre, servir a todos e
amar-nos uns aos outros, deletando todas as mágoas e discórdias da nossa vida.
Suas
ações foram um serviço à promoção integral do ser humano. Valorizava a fé do
ser humano e, por meio dela, realizava sinais e prodígios que libertavam as
pessoas de suas dores e angústias. “A tua fé te salvou”, tornou-se
praticamente a frase conclusiva de suas atenções a quem o procurava para se
libertar de algum mal. Isto demonstra que sua ação não era uma magia feita para
assustar e dominar as pessoas com um falso poder, mantendo-as submissas e
humilhadas na dependência de alguém, mas era uma ação que visava fazer a pessoa
descobrir em si a capacidade e a força divina de superar os obstáculos e vencer
os males. Não se submeteu a nenhuma lei que prejudicasse a vida dos seres
humanos e trabalhou sempre a serviço da libertação das pessoas, dando
prioridade aos mais oprimidos.
As
forças dominadoras e opressoras da época se incomodaram e resolveram eliminá-lo,
com um processo injusto, pensando que assim eliminariam essa forma libertadora
e salvadora de agir e pensar. Deus o ressuscitou dos mortos e o mantém vivo
para a eternidade. Ele quis ficar presente no meio de nós em seu corpo místico
e em seu corpo eucarístico, para alimentar a nossa vida e a nossa ação a favor da
promoção do ser humano, buscando o Reino de Deus e a sua justiça.
A sua
Igreja, orientada pelos apóstolos, continuou no mundo os mesmos sinais de
Cristo, buscando anunciar a boa nova para todos os povos e proclamar, pela vida-testemunho,
pela palavra e na partilha do pão, que Jesus é o libertador do ser humano e o
promotor da vida verdadeira na sociedade. O mundo precisa da vida divina para
tornar-se a casa de Deus onde a justiça e a fraternidade fazem com que todos os
seus filhos e filhas, irmãos de Cristo, se sintam seres capazes de viver na
harmonia e no serviço, amando-se uns aos outros como Cristo nos amou. Jesus
entregou-se por nós durante toda a sua vida terrena e continua a se doar e
iluminar, através do Espírito Santo, todas as pessoas que abrem espaços para
Deus doando-se aos irmãos e irmãs que mais necessitam da vida divina.
Reflexão
Devemos
estimular-nos uns aos outros a sermos Evangelhos vivos e antes praticar para
depois pregar, vivendo como os primeiros cristãos: “Ou acreditamos no
evangelho ou então o rasgamos e não merecemos ser chamados de cristãos,” – dizia um santo que estimulava a
necessidade do Concílio Vaticano II.
Jesus
Cristo não precisa de qualidades ou vantagens pessoais, ele precisa de
disponibilidade e vontade de viver na busca da verdade e da justiça. Ele se faz
presente ali onde não existe nada, como presença na ausência, para nos mostrar
que é ele quem age e valoriza as pessoas e que todos possuem essa capacidade
divina de construir o bem e salvar-se, unidos a Ele. Onde não há nada, humanamente,
a se esperar se manifesta melhor a bondade de Deus que sempre está junto com
seus filhos e filhas. Natanael duvidou que viesse algo bom de Nazaré, pois foi
lá que cresceu o filho de Deus, numa família simples que dependia do trabalho de
um carpinteiro. Os santos, em sua maioria, eram pessoas com muitas limitações e
foram considerados exemplares porque, em meio a tantas ausências se manifestou,
com maior propriedade a graça de Deus.
A sua
ação respeita e valoriza a liberdade do ser humano. Não podemos promover a
justiça e a fraternidade sem respeitar a liberdade humana. A liberdade é o dom
de Deus que faz o nosso amor e a nossa doação serem dinâmicos e construtivos e,
ao mesmo tempo, confiantes na Providência que promove o ser humano à dignidade
de filho e filha de Deus, irmão e irmã em Cristo. A liberdade deixa aberto o
futuro de cada pessoa para que ela escolha e seja responsável pelos seus atos,
sentindo-se assim, participante da sua promoção e libertação integral. A liberdade
faz com que a pessoa se sinta respeitada em seus direitos de ser ela própria,
no caminho da busca da verdade e do bem, tornando-se assim artífice da própria
existência e promoção. Promover condições, para que a pessoa possa exercer sua
liberdade, é elevar a pessoa ao estado de ser humano com a capacidade de amar
sem limites.
A
coerência entre a nossa fé e nossa vida, vivendo como Jesus viveu, deve levar-nos
a comungar com todos, o sonho de um mundo melhor na transparência e na
dedicação, para colocarmos em prática o “credo” que nós professamos. Quando
dizemos que acreditamos em Jesus Cristo, não podemos ficar só no discurso ou assumir
parcialmente a sua vida. Ele veio ao mundo para dar-nos a vida plena e, é essa
vida plena que nós devemos buscar para nós e para nosso próximo, vivendo e
buscando a libertação total do ser humano como Jesus viveu e buscou. Entre os
discursos mais marcantes de Jesus nós encontramos aqueles em que ele chama a
atenção para a coerência de quem acredita em Deus e não pratica a sua fé. A
nossa fé em Jesus Cristo deve levar-nos a atuar em favor da promoção de todos
nossos irmãos que estão a margem da sociedade para que tenham o mesmo direito
de viver na liberdade de filhos e nunca como escravos.
A
nossa caridade deve ser igual à caridade de Cristo. Ela não pode ser humilhante
nem constrangedora, mas deve levar as pessoas a se sentirem dignas da sua condição
de filhos e filhas de Deus, capazes de amar e se libertar, pela graça de Deus
que possuem dentro de si. Jesus se aproximava dos pequenos e humildes de uma
forma acolhedora e carinhosa que os fazia sentirem-se felizes e fortes, capazes
de resolverem os seus problemas, superar as dores e construírem o Reino de Deus
que estava no meio deles. Não é caridade aquilo que devemos fazer por justiça.
A caridade de Cristo é paciente, prestativa, não é invejosa, não é orgulhosa,
não procura o seu próprio interesse, não guarda rancor, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta (1Cor13,4-7). Nossa caridade deve levar-nos a optar pelos menos
favorecidos e, com eles, caminharmos unidos para a construção de uma sociedade
mais humana que ande em busca do Reino definitivo, onde todos tenham vez e voz.
No
Evangelho vemos o amor de Cristo como um amor gratuito e livre de qualquer
apego a interesses individualistas. É muito difícil entender que uma pessoa
esteja trabalhando pela promoção humana e, ao mesmo tempo, dedicando-se a seus
interesses individualistas de progresso econômico e satisfação pessoal. Mesmo
que isso ocorra, neste mundo norteado pela ganância e individualismo, o
testemunho fica vazio de conteúdo evangélico. A gratuidade como viveu e
anunciou Jesus Cristo é tempero imprescindível da promoção humana que supõe a
doação de quem busca a dignidade dos irmãos e irmãs de Cristo. A gratuidade,
nos dias atuais, parece uma loucura, como a cruz pareceu uma loucura para a
sociedade grega no tempo de Jesus, mas é um testemunho indispensável contra
este sistema egoísta, cumulativo e individualista, que privilegia uma minoria
opressora, em detrimento de tantas pessoas que vivem uma vida desumana.
Gratuidade e promoção humana são atitudes que testemunham o Evangelho de Jesus
Cristo e se completam. Fé, amor a Deus sem caridade é mentirosa.
A Fé e
a promoção humana encontra na opção preferencial pelos pobres, que Jesus
assumiu, uma de suas motivações mais evidentes. Os pobres de Javé foram alvo
das atenções especiais dos profetas e todos os personagens do Antigo Testamento
que seguiram os ensinamentos de Deus. Com Jesus Cristo, o filho de Deus, não
poderia ser diferente. Ele assumiu a condição humana e viveu numa família simples,
numa cidade humilde, em Nazaré. Ele foi recebido neste mundo por pessoas pobres
e humildes que pastoreavam os rebanhos. Ele proclamou a Bem-Aventurança dos
pobres e disse que o Reino dos Céus é deles. Conviveu com pescadores e pessoas
humildes que buscavam o pão e a vida na caminhada do dia a dia. Jesus teve
compaixão das pessoas famintas, contou que seremos julgados, não pelas orações,
mas pela comida, roupa, acolhida, compaixão que repartirmos. Denunciou os ricos
e usurpadores, morreu na cruz entre malfeitores. Ter fé e atuar na promoção
humana é fazer uma opção preferencial pelos pobres, como Jesus fez.
O amor
de Jesus se revela às pessoas amadas, se faz semelhante e convive com as
pessoas amadas, salva a qualquer custo as pessoas amadas, quer estar continuamente
com as pessoas amadas, doa-se a cada um daqueles que ama e quer fazer feliz a
todas as pessoas amadas. O amor cristão é capaz de amar, preferentemente, os analfabetos,
convive com os fracos tratando-os com ternura, ama infelizes de toda a espécie,
estende a mão para todo o sofrimento, ama os que nos fazem sofrer, se dedica a
todos. Esse é o amor que nos impulsiona a buscar a promoção de todos nossos
irmãos, com fé esperança e caridade; com uma prática que nos leve a amar do
jeito que Jesus amou e nos ensinou. O amor cristão é o melhor jeito prático de
viver o Evangelho na nossa sociedade e testemunhar a vida plena que todos
almejamos para a nossa sociedade envolvida em tantas divisões sócio-econômicas,
que são inconcebíveis em países declarados cristãos. Com a prática e vivência
do amor cristão, neste sentido, podemos crer e afirmar que Jesus salva e
liberta, sem alienar, nem oprimir o nosso povo.
Jesus
denunciou aquele tipo de miséria humana que dá mais valor às regras do que o
ser humano, que vive na ostentação, no carreirismo e vaidade em detrimento de
tantas pessoas exploradas em seus direitos fundamentais, que prioriza a
aparência em detrimento da decência. Ele nos mostra que amando, convivendo e
doando-nos aos pobres nós nos tornamos aqueles pobres de espírito que merecem o
Reino dos Céus. A pobreza assumida como dom e serviço nos torna livres para
amar e servir nossos semelhantes, pois nos desapega dos bens materiais e nos
ajuda a crer e sonhar com o Reino de paz, sem oprimidos nem opressores. Jesus é
o protótipo do pobre de Javé que o profeta Jeremias anunciou, pois toda sua
vida foi desapego, serviço e doação, com prioridade, aos menos favorecidos da
sociedade. Ele pôde sempre anunciar o bem e denunciar o mal com uma liberdade e
autoridade que impressionavam os ouvintes. A pobreza de espírito nos liberta e
nos dá autoridade de promover a justiça entre os seres humanos sem
parcialidades. Com este espírito de pobre o mundo todo se torna nosso campo de
atuação e todas as pessoas se sentem nossos irmãos e irmãs.
Jesus
quer a nossa participação solidária para resolver os nossos problemas. Deus faz
maravilhas, mas quer a participação humana e solidária como quis ensinar a repartir
os pães, no capítulo seis do Evangelho de são João e quis que os apóstolos
dessem de comer ao povo. Ele ajudava as pessoas a se curarem pela própria fé.
Até um copo de água ou um talento é valorizado por Deus. Ele lançou as sementes
e confiou aos apóstolos e discípulos a missão de continuar, de forma
comunitária e participativa, o anúncio e a prática do Evangelho. Seu trabalho
humano e material acabou na cruz, mas sua ação e presença continuam na
comunidade unida pela comunhão e participação. Ele não nos ensina a sermos
famosos, heróis individualistas ou franco-atiradores, mas nos ensina a envolver
o máximo de pessoas possíveis para participar na construção do projeto do seu
Reino. Na nossa ação não podemos promover o individualismo, mas a comunidade
participativa. Devemos educar para a comunidade e o envolvimento de todos na
solução de nossos problemas sociais. Sem esta conotação participativa estaremos
cometendo uma falha ética na nossa fé e ação em favor da promoção humana.
A ação
evangelizadora de Jesus, não partiu de cima para baixo, mas de baixo para cima.
Ele não se uniu a sacerdotes, reis, fariseus, escribas ou qualquer grupo ungido
ou privilegiado. Ele se uniu, prioritariamente, a pessoas do povo como
pescadores, pastores, cobradores de impostos, pecadores etc... Sua ação
valorizou os leigos de seu tempo e, com eles, começou a sua atuação e
evangelização. Ele mesmo não pertencia a nenhum grupo privilegiado da época,
era um leigo. Quando falamos da promoção humana, como seguidores de Jesus
Cristo, não podemos esquecer o protagonismo dos leigos na nossa Igreja. O
Concílio Vaticano II abriu um grande espaço de reflexão a esse respeito,
tentando resgatar esta posição de Jesus para colocá-la em prática em nossos
dias. Vemos com grande esperança a atuação dos leigos na Igreja e almejamos que
ocupem muito mais espaços para que ela seja de verdade o Corpo Místico de
Cristo vivendo e atuando no mundo do jeito que Jesus viveu e atuou. A promoção
do apostolado leigo, confiando-lhes responsabilidades cada vez maiores, é o
grande testemunho que podemos dar, internamente, para promovermos os seres
humanos, como Igreja de Cristo.
Jesus
Cristo é o educador que veio nos mostrar o caminho para a vida. Ele veio dar
testemunho do Pai e tudo o que Ele ensinou, Ele viveu. Seu ensinamento convencia
porque Ele ensinava com a autoridade de quem vivia aquilo que pregava. Quando
nós estamos comunicando Jesus Cristo as palavras se tornam vazias se não
vivemos aquilo que anunciamos e nós perdemos o crédito e a autoridade. Somos
educadores de Jesus Cristo que nos enviou para evangelizar o mundo com o Evangelho
vivido na prática. Somos convidados a sermos colaboradores de Deus neste mundo.
Deus não quer sacrifícios humanos nem o sofrimento de seus filhos. Ele não bebe
o sangue dos pobres. Quem bebe o nosso sangue é um ídolo maldito que,
infelizmente, é cultuado e adorado mais que o Deus infinito: o poder
carreirista, o lucro ganancioso, a insensibilidade e o individualismo egoísta.
Jesus nos convida a abrirmos os olhos de nosso povo para que vejam o caminho da
partilha da entrega, da solidariedade e da felicidade. Deus quer que todos vivamos
o amor-eucaristia e sejamos felizes, neste mundo, com amor, solidariedade, paz,
vida e alegria. Jesus nos mostrou o caminho, Ele é o caminho. Nós devemos
mostrar o caminho, devemos ser caminho para nossos irmãos e irmãs.
O
exemplo de Jesus Cristo é o maior ponto de referência e o fundamento teológico
e prático da fé e da promoção do ser humano. Sua palavra e ação, assumidas e
interpretadas comunitariamente, devem nortear nossa fé e todas nossas atitudes
nesta vida, pois ele é o Filho primogênito de Deus, a cabeça do seu Corpo
Místico, o caminho, a verdade e a vida.
A fé e
a evangelização, sem ações concretas em favor do ser humano, torna-se uma
expressão sem autoridade e vazia de conteúdos. Nós precisamos saber ter o equilíbrio
necessário entre a nossa pregação e o nosso testemunho. Nossa pregação deve
levar-nos a uma ação mais intensa em favor dos pobres e excluídos e nossa ação
junto a estes deve motivar-nos a anunciar a justiça e denunciar as injustiças
como Cristo nos mostrou e ensinou.
Em
nossa ação não podemos excluir os valores sobrenaturais e perder de vista o fim
último da nossa vida como nos incentiva um santo do século passado[2]: Brada
de joelhos a todo o mundo: a vida é um dia, um sopro; amanhã se morre. Feliz
quem transformar em tesouro este dia, este instante; a feliz eternidade, a
posse de Deus, o Céu será a divina recompensa.
De
pouco servirá toda a nossa atividade, se nos colocarmos fora do campo sobrenatural,
se não nos enquadrarmos na santa vontade de Deus.
Quanto
trabalho, quantos sacrifícios por coisas desta terra que, comparadas com as do
Céu e de Deus, valem menos que um punhado de moscas!
Esse
tempo que passa e nos escapa seja para nós uma advertência e um estímulo no
sentido de o valorizarmos o mais perfeitamente possível, lembrando-nos que vale
tanto quanto vale Deus.
O melhor meio, portanto, de valorizarmos este precioso
dom é empregá-lo inteiramente para o Senhor.
Disse
Jesus: “Felizes aqueles servos que, quando o Senhor ao chegar, encontrar
vigilantes!” O Cristão é vigilante quando vive da fé, quando atenta constantemente
para os valores sobrenaturais, quando busca o santo Reino de Deus, quando está
convencido que mesmo a tarefa mais humilde pode ser iluminada pela luz da
santidade.
Hoje
em dia pensa-se pouco, mesmo os cristãos, nas grandes verdades: Trocamos o céu
pela terra e ainda nos felicitamos, ao passo que estamos aqui para conquistarmos
o Paraíso celeste.
Como
Cristo nos mostrou e ensinou o nosso contato com o Pai deve ser assíduo, pela
oração, para não perdermos de vista nosso sonho, neste mundo.
O
Seguidor de Jesus faz tudo, com toda a dedicação, mas convicto que tudo depende
da atuação e vontade de Deus Pai e, no fim, coloca sua vida nas mãos de Deus
Pai, confiante na sua divina bondade e Providência, mesmo nas horas que não
consegue ver nada de promissor ou sucesso, com os olhos humanos.
Jesus
mostrou e disse que a promoção humana é a caridade demonstrada no amor que
devemos ter uns pelos outros. Seremos seus discípulos se vivermos a fé no seu
amor, cumprirmos seus mandamentos.
A
nossa regra é o evangelho e a pessoa de Jesus Cristo e a nossa identidade é a
caridade.
Isso
nos demonstra que a nossa fé praticada na promoção integral do ser humano é uma
prova de que estamos vivendo e anunciando o verdadeiro Evangelho de Jesus
Cristo, enviado do Pai, para este mundo sedento de justiça e fraternidade.
EUCARISTIA: COMPROMISSO SOCIAL.
Jesus
se encarnou, se fez igual a nós, conviveu conosco, pregou o Evangelho, testemunhou
a vida verdadeira e quis ficar sempre conosco na Eucaristia.
No
capítulo seis do Evangelho de João, ele percebe a fome do povo e aproveita para
ensinar a lição da partilha. Pede a colaboração de quem tem alguma coisa para
repartir com quem não tem nada e o milagre da partilha acontece. Todos ficam
saciados e sobra muito pão para quem sabe partilhar. Começa aqui a lição da
Eucaristia. Quando querem fazê-lo rei Ele explica que a Eucaristia é um compromisso
de vida. Quem quer a vida eterna precisa comer a sua carne e beber o seu
sangue, isto é, assumir tudo o que ele vive e prega e colocar em prática na
sociedade. O povo sabia muito bem o que significava aquilo e percebeu que
Eucaristia não é só um momento para satisfazer alguns desejos ou solucionar um
problema imediato, mas é um compromisso com a vida e o Evangelho de Jesus
Cristo na sociedade. Só os mais comprometidos com Jesus resolveram assumir
estas palavras de vida eterna. Muitos o abandonaram porque aquele discurso era
muito pesado. Jesus não diminuiu a linguagem e convidou até os poucos
discípulos que ficaram para irem embora, se não quisessem assumir o verdadeiro
sentido da partilha do pão, da Eucaristia.
A
celebração eucarística aconteceu durante toda a vida de Jesus; celebrar a Eucaristia
é celebrar toda a sua vida. Na ceia de despedida, quando Ele instituiu a
Eucaristia, Ele prepara o clima com muitos gestos concretos de amor: Convida os
discípulos a permanecerem unidos a Ele, no seu amor; lava os pés deles como
gesto e exemplo de serviço; anuncia o seu mandamento do amor ao próximo; prevê
a traição de Judas; reza pela unidade e a perseverança dos seus; institui o
sacramento da Eucaristia no pão repartido e no vinho, seu sangue a ser
derramado na cruz e, conforme São Paulo, ordena aos seus seguidores para
fazerem isso em sua memória (cf. 1Cor 11,24).
Ter fé
e celebrar a memória de Jesus, portanto, é fazer o que Ele fez. Disponibilizar
o nosso corpo, forças, dons, capacidades e inteligência como doação, com
humildade, servindo-nos uns aos outros, amando-nos como Ele nos amou, assumindo
e vivendo toda a mensagem do Evangelho no mundo atual. O nosso sangue deve se
gastar, em forma de suor, por exemplo, para construir uma sociedade mais justa
e solidária que busque a partilha e a igualdade de direitos e deveres, entre
todas as pessoas que vivem neste mundo de Deus. Todos devem caminhar, de mãos
dadas, para a mesa de Deus repartindo seus dons e sua vida como Cristo faz, na
Eucaristia. A Eucaristia deve também nos manter unidos a Cristo e a nossos
irmãos e irmãs, no seu amor, de uma forma participativa e dinâmica que celebre
a vida que recebemos de Deus e, também, seja alimento e incentivo para
continuarmos firmes na caminhada, nos momentos alegres e nos momentos tristes,
do nosso cotidiano, na nossa realidade social.
A
Igreja apostólica se mantinha firme na oração, na pregação dos Apóstolos, na
comunhão fraterna e na partilha do pão; todos repartiam seus bens e não havia
necessitados entre eles (cf. Atos2, 42-47). A Eucaristia é o momento de
encontro da comunidade que celebra a vida do Reino definitivo, comprometendo-se
a construir, em comunhão participativa, o novo Céu e a nova terra, anunciados
pelo livro do Apocalipse (cf. Ap21,1-5), sem árvore proibida, onde se pode
louvar a Deus na simplicidade e sem exclusões (cf. Ap.22,2-5).
Como
Jesus é o maná que Deus enviou do céu para alimentar o seu povo, a Eucaristia é
o Cristo presente no meio de nós que continua a nos alimentar e a nos incentivar
para viver a sua vida e o seu compromisso com a verdade, a justiça, a partilha
e a igualdade. Cada vez que comungamos o corpo eucarístico de Cristo somos
convidados a comungar com o seu Corpo místico que são nossos irmãos e irmãs,
especialmente os mais necessitados de ajuda e conforto.
Não
podemos celebrar a Eucaristia se estamos em falta fraterna com algum de nossos
semelhantes; antes precisamos nos reconciliar e depois celebrar, para que nossa
oferta possa ser aceita por Deus.
Reflexão
Nosso
mundo é o altar de Deus e nele devem participar todos os filhos seus, por isso,
não podemos celebrar a Eucaristia se excluirmos alguma pessoa da nossa vida. A
Eucaristia só pode ser celebrada dignamente quando existir união, serviço,
partilha, solidariedade, tolerância fraterna, reconciliação, perdão, mística
comprometida com o pobre, humildade, amor, doação, justiça e fraternidade.
O
nosso compromisso eucarístico deve estender-se a toda a nossa sociedade. Nós
não podemos viver isolados do mundo em que habitamos. Precisamos nos envolver e
auxiliar a nossa sociedade a resolver os problemas, iluminada pelos princípios
cristãos que a Eucaristia nos propõe. Precisamos formar as pessoas e os meios
que formam a opinião pública (imprensa,
internet) para que orientem os seres humanos na busca de uma sociedade
fraterna e igualitária. As pessoas encarregadas da vida pública, os
trabalhadores da imprensa e internet devem conhecer os princípios cristãos para
terem um ponto de referência por onde se nortear, para organizar a sociedade
dentro dos princípios cristãos que promovam todos os seres humanos a uma
condição de vida digna de cidadãos unidos, na mesma origem e natureza divinas.
A sociedade deve ser envolvida na construção de um novo céu e uma nova terra
sem males, nem dores e nós cristãos, iluminados pelos princípios eucarísticos,
podemos formar um bloco consistente capaz de estimular pelo exemplo e pela
participação os verdadeiros valores que Jesus nos mostrou e ensinou para que
todos tenham seu espaço digno no mundo que Deus nos presenteou como dom.
Toda
nossa ação social, além de ser fundamentada nos valores eucarísticos, deve ser
regada por uma espiritualidade profunda e comprometida com a nossa realidade.
Não podemos sustentar nossa ação eucarística com uma espiritualidade intimista,
exibicionista, individualista e alienante. A nossa espiritualidade também deve
ser eucarística, participativa e comprometida com a vida e o mundo que nos
rodeia. A nossa espiritualidade deve ser tão intensa que nos leve a viver uma
vida mais comprometida e a nossa vida deve ser tão comprometida com a nossa
sociedade que nos induza a sentir a necessidade de momentos fortes de
espiritualidade. O ativismo exagerado pode nos levar a viver uma vida
atribulada e sem conteúdos sobrenaturais, por isso nós devemos procurar momentos
para estar com Deus e poder animar e fundamentar a nossa vivência eucarística
na sociedade.
A fé e
a promoção humana exige de nós que atendamos o ser humano em todos os seus
aspectos, para ser integral, por isso não podemos descuidar do nosso espírito
que vivifica as nossas ações e precisa ser arquivo e rede social, reservatório
e canal para saciar a sede daqueles pelos quais doamos a nossa vida, como
Cristo faz na Eucaristia. A espiritualidade é elemento indispensável ao ser
humano, por isso a promoção humana não deve se furtar da promoção da
espiritualidade como uma necessidade básica do ser humano, para a conquista da
liberdade plena e da felicidade.
A fé
eucarística exige de nós que nos envolvamos na busca da dignidade da pessoa
humana diante de qualquer poder sufocante. Nos impele a defender a liberdade
das pessoas e das nações, a buscar uma distribuição equitativa dos bens deste
mundo entre os povos e os indivíduos, a decidir os dissídios através do diálogo
sem uso da força, a exigir formas de governos que atendam às justas aspirações
dparticipativas dos povos.
A
Igreja, Corpo Místico de Cristo, deve defender as liberdades humanas econômicas,
sociais, políticas e morais; iluminar as mentes, abrir as consciências e ser
realmente solidária com o mundo dos oprimidos. A promoção dos seres humanos é
tarefa insubstituível e necessária para concretizar a fé e o amor que
celebramos na Eucaristia. Devemos nos preocupar com todas as pessoas que vivem
neste mundo porque todos são filhos e filhas de Deus.
A vida
da sociedade deve ser a vida da Igreja porque a Igreja vive nesta sociedade. A
nossa fé na Eucaristia exige que participemos de toda a vida da sociedade
procurando nos envolver, com o máximo de nossas possibilidades, para buscar a
transubstanciação da sociedade. O mundo materialista deve ser transformado,
pela ação do Espírito Santo, em um mundo místico de convivência e amor fraterno.
A fé,
a esperança e a nossa caridade deve ser eucarística, isto é, participativa e
universal, sem exceções, nem discriminações. Deve promover o ser humano
integralmente e ir ao encontro de todos, mas privilegiar aquelas pessoas que
mais sofrem a exclusão social por causa de sua situação desumana de vida.
A fé a
esperança e a caridade, iluminada pela Eucaristia, deve levar-nos a partilhar
todos os nossos bens, evitando acúmulos e desperdícios desnecessários, quando
tantos não têm o necessário para a sobrevivência. Assim nossa caridade será um
exemplo que arrasta as pessoas para saírem de si e irem ao encontro dos menos
favorecidos e desvalidos da sociedade, pois serão capazes de verem, no pobre e
no sofredor, a imagem de Cristo nos convidando a prestar-lhe culto ali onde o
povo está presente. A promoção do ser humano é o maior gesto de caridade e o
verdadeiro culto que agrada a Deus, pois todos fomos resgatados pelo sangue
redentor de Cristo.
A
Eucaristia é o pão repartido, igualmente, entre todos, de uma maneira
participativa e dinâmica. A caridade é a extensão da Eucaristia na vida
concreta dos filhos de Deus. Ela não pode olhar para as diferenças de raças,
nacionalidades, religiões, partido político ou qualquer coisa que possa
diminuir a nossa doação e serviço cristão para que não falte pão e vida para
ninguém.
A
Eucaristia nos impele para a busca da justiça social. Devemos tomar cuidado
para não nos preocupar demais com nossa vida intraeclesial descuidando da
justiça social. O fim último dos seres humanos consiste em serem humanos no
verdadeiro sentido da palavra; não fomos criados para sermos anjos, mas para
sermos humanos, portanto, quanto mais nos humanizamos mais felizes seremos.
Para nos humanizarmos sempre mais nós precisamos buscar o bem comum e o bem
comum só se alcança através da prática da justiça. Para que a justiça aconteça,
nós devemos privilegiar, na nossa ação, os menos favorecidos que estão mais
distantes de uma vida digna e humana. A vida proposta pela Eucaristia deve ser
a meta de quem busca com sinceridade a justiça social. Não deveríamos dormir
tranquilos enquanto soubermos que temos irmãos e irmãs, sem o suficiente para
viver uma vida humana saudável e feliz. A justiça social não se consegue com
violência, tortura e arrogância, ela deve ser buscada junto com a vivência da
caridade que exige doações individuais que, num primeiro momento, parecem
dolorosas, mas que nos impulsionam à felicidade de servirmos a Deus para a
construção de um mundo igual para todos seus filhos e filhas.
Escreveu muito
bem este Santo precursor do Vaticano II, na década de 1950: “Na Eucaristia
se realiza a caridade total. Com a Eucaristia o altar de Deus se torna a mesa
dos seres humanos, e a nossa mesa se torna o altar de Deus. O Jesus do altar se
estende em todo nosso irmão deste mundo, e especialmente no mais pobre...
A
comunhão-união encontra seu sentido vital no corpo místico de Cristo, do qual
todos fazemos parte. No corpo e sangue de Cristo, que todos participamos, nos
tornamos irmãos consanguíneos...
Querendo
confirmar a presença de Cristo na Hóstia corremos o risco de nos isolar em uma
adoração individualista e egoísta, preferindo adorar a presença antes que viver
a ação eucarística. Nós tornamos assim estreito e mesquinho nosso horizonte em
comparação com o pensamento de Cristo: “Pai que todos sejam um como nós somos
um...”
Quantas
pessoas que se aproximam do altar para comungar e estão desunidas e intrigadas
entre si? Isso só denigre o significado social da Eucaristia...A Eucaristia
exige um senso social e unitário. A Eucaristia não é só união com Deus, mas
união entre as pessoas. Temos que resgatar o sentido social da Eucaristia...
Não devemos
nos unir a Jesus se excluirmos um só de nossos irmãos. A Eucaristia é um
chamado a vermos Cristo nos irmãos indigentes, aqueles que representam ao vivo
Jesus faminto que pede pão, Jesus sedento que pede água, Jesus nu que treme de
frio, Jesus mendigo que não tem onde reclinar a cabeça, Jesus desiludido que
pede conforto.” (São João
Calábria)
Aqui nós
percebemos o significado da Eucaristia como um compromisso social numa dimensão
de anúncio, libertação e comunhão.
DEUS É VIDA
A fé,
esperança e caridade na promoção humana é a promoção da vida integral de todos
os seres humanos, através da comunhão fraterna de bens materiais, afetivos e
espirituais, porque todos são filhos e filhas de Deus, irmãos e irmãs de Jesus
Cristo.
Deus sempre se
preocupou com a vida humana. Conforme o livro do Gênesis, Ele chamou Abraão da
cidade de Ur e o conduziu para a terra prometida em busca de uma nova vida.
Ensinou a Abraão que Ele não quer a morte das crianças (Gn 22,11-12), mas a
vida para todos; Ele não necessita de sangue, morte e sacrifícios humanos. Ele
quer a vida em plenitude porque Ele é a vida. Começou um novo povo que preparou
a vinda daquele que será o caminho, a verdade e a vida.
Quando a vida
do povo foi ameaçada, pela fome, Deus levou seu povo para o Egito onde tinha
pão em abundância. Ao sobrevir a escravidão, que limitou e subordinou a vida do
seu povo, Deus preparou Moisés que liderou uma caminhada libertadora pelo
deserto, onde o povo foi sendo catequizado para organizar a sua vida de acordo
com os dez mandamentos que são orientações normativas para proteger e promover
a vida plena do seu povo. Ao chegar à terra de Canaã, Deus propiciou um espaço
suficiente para que o seu povo possa viver com dignidade.
No decorrer
dos séculos enviou os sumos sacerdotes e os reis para liderar a caminhada do
povo de Deus e, quando estes maltratavam ou excluíam os pequenos, surgiam
profetas que anunciavam a esperança, a vida e denunciavam tudo o que limita ou
diminui a vida e a dignidade do povo.
No novo
testamento Deus enviou o seu Filho ao mundo como o Verbo que é a vida (Jo 1,4),
caminho, verdade e vida (Jo 14,6), o pão da vida (Jo 6,35), ressurreição e a
vida (Jo 11,25). Ele veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância(Jo
6,40).
De fato Deus
se humanizou para dar um valor infinito à vida humana porque Ele se fez igual a
nós. Jesus Cristo sempre se preocupou com a vida dos seres humanos dando
atenção especial para aqueles que viviam numa situação desumana. Ele curou os
doentes, saciou os famintos, abriu os olhos aos cegos, fez os paralíticos
andarem, perdoou os pecadores, confortou os tristes, consolou os aflitos e
anunciou a Boa Nova aos pobres. Enfim ele se preocupou e ajudou a melhorar a
vida das pessoas; convivia com as pessoas e despertava a vida que existia
dentro delas sem ser um milagreiro mágico, mas ajudando-as a melhorarem sua
situação de vida pela própria fé.
Ele falou que
Deus é um Pai que cuida da vida de seus filhos, se preocupa com a natureza,
cada fio de cabelo que cai de suas cabeças e nos dará o suficiente para vivermos
bem se nós buscarmos em primeiro lugar o seu Reino de Deus e a sua justiça. Ele
nos julgará, não pelas vezes que dissermos Senhor, Senhor, mas pelas obras de
promoção da vida em nossos irmãos mais desvalidos e sofredores, pois todas as
vezes que fazemos isto ao menor dos seres humanos é à Deus presente neles que o
fazemos (Cf. Mt.25,31-46).
Jesus começou
uma comunidade que continuou sua ação a favor da vida integral do ser humano.
Eles dividiam seus bens, tinham tudo em comum e não haviam necessitados entre
eles. Os bens eram partilhados para que todos tivessem o mesmo direito de viver
(Atos 4,32-37).
Durante toda a
história, a Igreja se preocupou com a vida do povo de Deus através de obras em
defesa da mesma nas mais diversas circunstâncias. No século IXX e XX, surgiram
muitas obras a favor da promoção da vida humana e a Doutrina Social da Igreja
se preocupou muito com os direitos inerentes à vida dos seres humanos através
de Encíclicas sociais e da sua ação pastoral a favor da vida onde ela esteve mais
ameaçada.
Reflexão
Deus é Pai, é
Mãe, é tudo e se preocupa com a vida de seus filhos. Ele se faz presente nas
pessoas que não tem qualidades humanas e nos lugares onde a ausência de
recursos torna a vida difícil de ser vivida na sua plenitude. Ele respeita a
liberdade da vida humana e incentiva o ser humano a viver em coerência com os
princípios básicos da vida, iluminados por uma fé atuante na condução da vida
humana.
A Providência
Divina é uma boa mãe que se preocupa com a vida de seus filhos com uma ternura
e um cuidado muito especial. Ela nos ajuda para que possamos exercer uma
caridade, uma esperança e uma fé que liberte nossos irmãos da escravidão e da
penúria que desumaniza as suas vidas porque a vida é o grande dom que Deus nos
deu gratuitamente para ser desenvolvida e promovida na doação e no serviço
gratuito e fraterno, sem ânsias e nem angústias.
Na promoção da
vida humana nós precisamos fazer uma opção evangélica, clara e sem titubeios,
pelos pobres e excluídos das condições mínimas para uma vida digna, para isso a
Igreja deve iluminar, com sua fé, sua ética e seus princípios Cristãos, a
política que rege as nações afim de que ela tenha um compromisso social de
inclusão para a vida de direito e de fato na sociedade, alimentada por uma
mística comprometida com a vida e a verdade.
A nossa fé
cristã não pode fugir do compromisso com a vida de nossos irmãos e irmãs filhos
do mesmo Pai, vivendo um amor comprometido com toda forma de vida e
privilegiando sua ação para os lugares onde a vida está mais limitada ou
diminuída. O amor cristão deve preocupar-se para que todos os filhos e filhas
de Deus tenham um lugar para viver neste mundo e o suficiente para desenvolver
sua vida com liberdade de espírito, com uma propriedade suficiente e um
trabalho que dignifique a sua vida e permita viver e praticar a caridade universal.
Devemos
promover a justiça social de acordo com os princípios cristãos da participação,
da partilha e da solidariedade, conforme o amor cristão, para que tenhamos a
globalização do amor e da fraternidade que constrói a vida em igualdade de
condições na diversidade de dons.
A Eucaristia
deve levar-nos a viver com maior intensidade a nossa vida concreta num
compromisso social de solidariedade que envolve toda a vida para participarmos
na construção do novo céu e da nova terra sem lágrimas nem dores, onde a vida
se desenvolve em toda a sua plenitude, sem dominadores nem dominados, mas com
uma democracia participativa, fundamentada na paternidade divina e na fraternidade
humana em Jesus Cristo.
Nossa missão
em defesa, na promoção e no desenvolvimento da vida deve englobar todo o
universo que é a criação de Deus e foi resgatado por Jesus Cristo. Toda forma
de vida deve ser preservada, promovida e respeitada, pois é emanação e presença
de Deus entre nós. Nossa missão se estende para todos os recantos do universo
onde pode acontecer ou existir a vida. Nós precisamos educar as pessoas para a
vida para promovermos uma cultura de vida e terminar com a cultura de morte que
existe em tantos ambientes sociais, colaborando com Deus na sua obra em favor
da vida e da igualdade.
A vida é a
presença divina, como dom, em nós. Promovendo a vida estaremos aumentando a
presença de Deus no nosso mundo. O mundo é uma emanação do amor de Deus para
que os seres humanos, seus semelhantes, possam compartilhar da felicidade de
Deus. Deus é a felicidade e promovendo a vida estaremos aumentando a felicidade
no mundo para torná-lo uma rede social de união, amor e felicidade, um jardim
florido, um paraíso, onde possamos nos comunicar, viver e amar, na liberdade de
filhos e filhas amados por Deus.
Deus amou
tanto o mundo que enviou seu filho Unigênito para que o mundo seja salvo por
Ele. Jesus nos ama e quis ficar conosco todos os dias, até o final dos tempos,
pelo Espírito Santo, na Eucaristia que promove a vida plena do povo de Deus.
Estes devem ser os grandes fundamentos que nos incentivam a continuar sempre
firmes e atuantes no nosso trabalho de promoção humana que testemunha a nossa
fé cristã.
Muitos
escritos foram redigidos em defesa da vida, nós queremos destacar, após a
Palavra de Deus, as Encíclicas Sociais da Igreja no final do século IXX e no
século XX, as encíclicas e documentos sinodais dos últimos Papas, de Medellim,
Puebla, Santo Domingo, Aparecida e os muitos documentos da CNBB, como fontes de
pesquisa seguras para fundamentar nossa ação na promoção e defesa da vida.
*Pesquisa editada no
dia 18 de outubro de 2012, dia de São Lucas, evangelista.
[1] Pai na bíblia não se
refere à situação de gênero masculino, pois muitas vezes Jesus fala de Deus
tomando atitudes femininas como o pai do filho pródigo que espera o filho com
uma afeição materna; ou no sermão da montanha que fala do Pai que cuida de cada
cabelo que perdemos, etc... No antigo testamento temos muitas referências a
Deus com atitudes femininas como em: Os. 11, 1-4.8 - Jr. 31,20 - Is. 49,15 –
Is. 63,13 – entre outras.
[2] CALÄBRIA, João, Retornemos
ao Evangelho. Edições Paulinas, 1979, p. 225.
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